[MASOCH-L] nova idade das trevas?
João Carlos Mendes Luís
jonny at jonny.eng.br
Tue Sep 4 18:05:19 -03 2007
Abelardo Barbosa Jr. wrote:
> Ora, ora,
>
> Será que eu preciso dar outra chance ao OO? O software não é novo, já baixei
> ele umas duas vezes, com intervalo de anos, sempre acabei abandonando. Fico
>
Da mesma forma que voce provavelmente abandonaria o WordPerfect ou
qualquer outro software que não faça aquilo que voce já está
acostumado. O hábito é algo muito forte. Eu mesmo continuo usando
muito software mais que obsoleto, simplesmente por que eles continuam me
atendendo. Pior que isso, mutio software mais novo acaba ficando pior
que os antigos, simplesmente por ter mais do que o necessário. Um
exemplo fora de nossa área: Conheço alguns web designers que trabalham
direto com o PhotoShop. Nenhum deles usa o CS3, mais recente. Quase
todos ficam com o bom e velho PhotoShop 5.5. Faz tudo que eles
precisam, é mais rápido, e não precisam reaprender toda uma nova
combinação de teclas. Esses mesmos usuários dizem que jamais usariam o
GIMP, mas não considero isso um defeito do GIMP, pois eles também jamais
usarão o PhotoShop mais novo.
> impressionado com a opinião quase unânime de meus prezados virtuais
> companheiros de lista - isso me dá vontate de tentar outra vez.
>
> Por outro lado, quando olho para meus muito reais, de carne e osso, vizinhos
> de mesa e de escritório, não encontro um, nenhum sequer, que tenha optado
> voluntariamente pelo OO, tendo a possibilidade de ter o Office sem pagar do
> próprio bolso.
>
Bem, já começamos por esse hábito ruim de usar software pirata em
casa. Se todo mundo que tem Office em casa tivesse que pagar os mais de
R$1000 pela licença, talvez pensasse duas vezes.
Mas digamos que a coisa seja ainda pior: E se eu quiser usar o
Office 97, que me atende perfeitamente bem? Não posso comprar! Mesmo
que eu diga que não faço questão de suporte, não tenho sequer o DIREITO
de usar, pois não posso comprar, e se instalar um pirata, estou
cometendo um crime. Isso pra mim viola uma outra questão, mais
importante que a financeira: A liberdade!
> De todo jeito, confesso que acabei fazendo uma certa mistura de assuntos.
>
> Comparar OO e Office, não é razoável nem justo. Um é grátis, como falar em
> custo/benefício? Depois, gosto é gosto, cada um tem seu nível de exigência.
> É só ir num site desses que tem resenhas de produtos - software, micro,
> celular, automóvel, secador de cabelo, o que for. Uns adoram, tecem os
> maiores elogios, outros botam no chão, dizem que nunca mais comprariam.
> Então... como é que pode?
>
Como costumam dizer: opinião e escova de dente é que nem cueca, todo
mundo tem uma. ;-)
> O ponto de fato importante é a interferência da Lei. Tirar a coisa da
> esfera de uma decisão que deveria ser puramente técnica e passar a esfera da
> decisão política.
>
> OK, ok, não é para todo o mundo, é só para os órgãos de governo, certo?
>
> Isso ajuda mesmo? Será que não tem aí um certo preconceito, do tipo "essas
> caras do governo não vão fazer m... nenhuma mesmo, então para que querem ser
> produtivos? OO grátis está de bom tamanho para eles.".
>
Posso estar enganado, mas me parece que voce nunca trabalho dentro
do governo. Quando se trata de compras, a decisão já é politica há
muito tempo. Um técnico não podia dizer que queria uma impressora HP
Lajerset 4. Tem que dizer que queria uma Impressora laser, com suporte
a tantas páginas por minuto, linguagem PCL, etc, etc, etc. Acabava
listando um monte de coisa que não era realmente necessária, só para
poder fechar todas as possibilidades de não oferecerem uma impressora
diferente da que ele queria. Um dos resultados disso é que hoje quase
todas as impressoras laser aceitam linguagem PCL. ;-)
Da mesma forma, a lei de licitações, se levada ao pé da letra, não
deixaria alguém dizer que quer comprar um MS Office 2007. Jamais! Voce
teria que dizer, por exmeplo, que quer um software de edição de textos e
planilhas, com suporte a documentos do tipo Microsfot .doc. Pois bem,
isso o OpenOffice atende. A menos que a licitação comece a listar um
monte de coisa que na verdade não se usa (ou por acaso fazia alguma
diferença para alguém se a impressora era PCL ou PostScript?), e mesmo
esses itens, daqui a algum tempo serão suportados pelo OO.
E isso não tem nada de novo! É uma lei com mais de 15 anos (talvez
muito mais, estou falando da minha experiência pessoal).
Agora, até agora só falamos de custos e licitações. Quando
entrarmos no quesito independência, é aí que morre de vez a Microsoft.
Ou pelo menos morria, até criarem o novo formato. SE, E SOMENTE SE,
esse novo formato for realmente aberto e livre de patentes, o que eu
duvido muito (será que .docx não funciona com DRM, criptogafia, etc?).
> As empresas privadas podem continuar erando e usando Office pagando (devem
> ser doidos)? O governo deve acertar e obrigar todos, da secretária que
> digita recados ao alto gestor, todos devem por lei estar restritos ao OO?
>
Faltou botar a tag de sarcasmo em volta.
Cada empresa privada faz o que seu conselho diretor mandar. Se
quiserem usar MS office, usam. Se quiserem usar OpenOffice, usam, e
coitada da secretária que reclamar, pois é demitida sem perdão, pois não
tem estabilidade como os funcionários públicos. Voce sabia que tem
empresa grande que ainda usa Windows 98 nos desktops de seus
funcionários? Será que eles são retrógrados? Ou talvez não achem que
haja justificativa para comprar um Windows Vista para todo mundo? Até
por que, se atualizarem o software teram que atualizar o hardware. E
como justificar isso para os investidores depois? "Nós não demos lucro
por que gastamos uma fortuna atualizando um parque computacional, para
continuar fazendo o que sempre foi feito, mas estava obsoleto".
O pessoal que defende Windows e Microsoft reclama (e com razão) do
fanatismo dos usuários de Linux, que não conseguem ver o problema como
um todo, achando que basta colocar Linux e tudo funcionará
perfeitamente. Mas ao mesmo tempo tenho notado que esse pessoal que
defende cegamente Windows e Microsoft também está perdendo a noção da
realidade. Todo mundo olhando o próprio umbigo, e defendendo aquilo que
é melhor para si como se fosse o melhor para o mundo. Enquanto isso a
Apple vai crescendo e colocando cada vez mais forte no mercado o seu
sistema operacional baseado em Unix, com suporte comercial e interface
gráfica amigável. E a IBM ainda deve vender mainframe...
Jonny
--
João Carlos Mendes Luís - Networking Engineer - jonny at jonny.eng.br
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