[MASOCH-L] Tribunal de Contas do Ceará fracassa e abandona Softlivre

Leonardo Rodrigues Magalhães leolistas at solutti.com.br
Sun Aug 5 18:05:53 -03 2007


   Marco Gobbo, concordo em partes com suas afirmações abaixo. Vamos lá ...


Gobbo, Marco [DANFORTH] escreveu:
> Soluçao Linux meu amigo, é para ser utilizada SOMENTE por 
> administradores de
> rede
> e de sistemas, analistas, tecnicos, e todas as pessoas envolvidas com os
> servidores,
> firewalls, etc... ou seja,   Linux é uma grande e poderosa soluçao pro 
> CORE
> e pra quem
> entende. não para usuarios.
>
>   

   Pra iniciar, temos que fazer uma diferenciação que, ao meu ver, é 
fundamental para que eu possa seguir com o meu pensamento. Existem 2 
tipos de usuários finais: o usuário final DOMÉSTICO e o usuário final 
CORPORATIVO.

   O usuário final DOMÉSTICO é aquele usuário de casa, que geralmente 
não têm alguém a quem recorrer caso tenha algum problema. É o usuário 
que quer, ele mesmo, instalar seus programas, fazer tudo, sem controle e 
restrição nenhuma. Tá que nessa 'fazer tudo sem controle e sem 
restrição' ele acaba se lascando .... mas isso é outro assunto. O 
usuário final DOMÉSTICO utiliza uma gama enorme de aplicações: internet, 
office, instant messaging, edição de fotos/vídeos, P2P, jogos ... enfim, 
tudo que ele quiser.

   O usuário final CORPORATIVO é aquele que está dentro de uma empresa, 
utilizando softwares que a empresa julga necessários e que possui uma 
equipe de suporte que pode ser acionada, caso algo fora do normal 
aconteça, podendo ser a necessidade de um novo software ou algum 
problema ou erro. Esse usuário final não deveria conseguir instalar 
programas na sua estação. Intencionalmente, ele nem mesmo conseguiria 
baixá-los através da Internet, fato conseguido através do controle de 
internet do ambiente corporativo. Mas, se por um acaso ele conseguir 
algum 'instalador' (pendrive, CD), ele talvez não deveria ter permissão 
pra instalá-lo. O usuário final CORPORATIVO, diferente do DOMÉSTICO, 
utiliza uma gama limitada de softwares. Em vários casos inclusive, o 
usuário final CORPORATIVO abre um programa no começo da manhã e vai 
ficar com ele aberto até o final da tarde (frentes de caixa por exemplo).

   Eu digo ainda que o usuário final de PEQUENAS empresas, que não 
possui departamento nem estrutura de TI bem definidas, NÃO se enquadra 
na minha classificação de usuário final CORPORATIVO.



   Bom ... feita essa diferenciação entre usuários domésticos e 
corporativos, eu acho que o Linux pode se encaixar muito bem nas 
situações de usuários CORPORATIVOS sim, desde que um estudo da 
viabilidade dessa migração seja bem feito previamente. Claro que 
provavelmente vai exigir algum treinamento para os usuários, já que 
mudanças vão ocorrer, não dá pra manter 'igualzinho'. Mas pra nossa 
sorte, muitas aplicações são bem triviais (navegar e email por exemplo) 
e não devemos ter grande problema com essas.

   Pacotes Office inclusive já não deveriam trazer grandes problemas. 
Muita gente, nessa altura do campeonato, já utiliza soluções gratuitas 
de Office, como Open Office por exemplo, que rodam tanto em M$ como em 
Linux. Por isso, OpenOffice no Windows ou no Linux não será grande 
diferença.

   Os sistemas de gestão da empresa também deve rodar em Linux. Se não 
rodam, talvez a migração nem deveria ter sido pensada. Mas se os 
sistemas rodam em Linux, ele deve ser o mesmo sistema que roda no 
Windows e, de novo, não apresentará grandes problemas.

   Sobre as dificuldades de instalar software em Linux, bibliotecas, 
dependências .... isso não é problema do usuário. Como disse, eu acho 
que o usuário final nem deve ter permissão pra isso. Essa tarefa, então, 
fica à cargo do Departamento de TI, assim como configurações e demais 
alterações gerenciais.

   Nos ambientes corporativos onde existem políticas de controle do que 
o usuário consegue fazer na sua estação (não instalar programas, não 
alterar certas configurações do sistema, etc etc), os softwares de 
gestão e demais softwares utilizados possuem versão que rode nativamente 
no Linux (wine não vale pois requer DLLs do Windows e caracteriza 
pirataria tê-las no disco sem ter a licença) ..... nesses casos, eu acho 
que o Linux pode SIM ser um substituto para o Windows nas estações de 
trabalho.

   Agora uma coisa que você citou é em muitos ambientes MUITO mais 
importante que o quesito técnico: o fator 'costume'.

   Diferente que o Marcelo Fleury disse em resposta anterior, eu acho o 
fator costume importantíssimo. Existem ambientes onde os usuários são 
tão fechados à mudanças, por causa do costume, que QUALQUER migração, 
seja ela qual for, dará errado pelo simples fato dos usuários não 
quererem mudar seus costumes. Muitas vezes os usuários repudiam mudanças 
mesmo sem saber quais serão as vantagens do processo. Eles só não querem 
mudar e pronto.

   Já vi grandes empresas perdendo muito dinheiro em migrações, alguns 
casos pra ferramentas de enorme aceitação no mercado, sendo utilizado 
por diversas outras empresas, mas em alguns casos simplesmente não deu 
certo porque os usuários não quiseram que desse certo. Ou, na melhor das 
hipóteses, os usuários não fazem a menor questão de ajudar no processo. 
Isso tudo leva o processo como um todo a falhar.

   Por isso eu acho que o costume precisa ser levado em consideração sim 
e tratado, seja através de treinamentos, seja através de uma equipe de 
TI verdadeiramente preparada pra atender as necessidades dos usuários 
finais da empresa.

   E, pra acabar com costume, muitas vezes é necessário bater o pé 
mesmo: já mudou e é assim agora. Se ficarmos eternamente ouvindo 
chorinhos dos usuários, nunca iremos fazer migração nenhuma. Claro que 
não devemos fechar os olhos pros problemas reais da migração e da nova 
plataforma e tentar empurrar goela abaixo. Isso também não funcionará. 
Mas ficar eternamente ouvindo murmurinhos, também não dá.


   Dito tudo isso, eu acho SIM que o Linux pode substituir, em diversas 
situações, outras plataformas de software (M$). Sistemas que não rodam 
nativamente em Linux, como alguns sistemas de bancos e outras coisinhas, 
podem ser centralizadas num servidor TS por exemplo, sendo utilizado 
apenas pelos usuários que precisam delas.

   Não acho, porém, que TODOS Windows podem ser substituídos por Linux. 
Nem em servidores nem em estações de trabalho. Acho que ambas 
plataformas possuem seus méritos e também deméritos. A escolha de 
utilizar essa ou aquela é uma decisão individual SEMPRE. O que deu certo 
pro vizinho pode não dar certo pra você.


-- 


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