[GTER] Guerra: Exclusões de ASN's Russos

Fernando Frediani fhfrediani at gmail.com
Wed Mar 2 13:01:18 -03 2022


Não creio que se trata necessariamente de um defeito na rede. Lembre-se 
sempre da autonomia que cada ASN tem de se comunicar com outro ASN ou 
não. Se ele escolher assim essa escolha é legítima e só dele que deve 
arcar com os eventuais prejuízos disso.
Se ao contrário o ASN aplicasse regras de QoS ou bloqueios com ACL para 
determinados destinos isso sim seria uma quebra de neutralidade. O 
efeito prático é o mesmo ? Pode ser, mas em um caso há violação da 
neutralidade e em outro não. No caso que estamos falando pode ser uma 
opção da empresa querer restringir sua alcançabilidade e esperar que os 
clientes entendam, aceitem e paguem por aquilo com aquelas restrições.

Fernando

Em 02/03/2022 11:44, T. Ayub escreveu:
> Olá, Frediani
>
> Se dois sistemas autônomos nunca chegaram a um acordo sobre peering e 
> são inalcançáveis entre si é um cenário que não pode ser comparado ao 
> boicote de um conjunto de ASes a um país. No primeiro, temos uma 
> funcionalidade que nunca existiu. Quem adquire a oferta comercial da 
> Cogent e da Hurricane Eletric sabe (ou deveria saber) desde antes de 
> celebrar o contrato dessa característica do serviço: essas redes não 
> se conversam em IPv6 e portanto podem ser comparadas ao trânsito IP 
> normal, são ofertas num degrau inferior como a de trânsito IP parcial. 
> No meu método de comparação de ofertas de trânsito IP apresentado no 
> GTER 48, o valor do Mbps da Cogent e da HE devem 
> precificados/avaliados num patamar menor do que as demais ofertas: 
> https://www.youtube.com/watch?v=Fo-cmSSC3uo
>
> No segundo caso o cenário aqui proposto pelo Armamentista, temos a 
> introdução de um defeito na rede de forma deliberada que não existia 
> antes, de um tratamento *não* isonômico do tráfego de dados, um 
> boicote. ASes brasileiros que se comunicavam normalmente com ASes 
> russos deixariam de fazê-lo. Portanto, para mim, uma clara violação na 
> neutralidade da rede.
>
> E para quem não sabia, sim, temos dois players internacionais que se 
> dizem Tier-1 (e isso é sempre um título autoproclamado) não alcançam 
> (e nunca alcançaram) os endereços IPv6 um do outro por disputa 
> comercial. Essa história tem um fato curioso é que a HE sempre se 
> esforça para que esse peering aconteça ao ponto de ter encomendado um 
> bolo e redigido nele um pedido de peering e entregue no stand da 
> Cogent em um evento, que muito constrangida riu, aceitou o bolo, comeu 
> o bolo mas ignorou o pedido. A foto do bolo e mais detalhes podem ser 
> encontrados nessa reportagem: 
> https://www.theregister.com/2018/08/28/ipv6_peering_squabbles/
>
>
> Abraços,
>
>
> Ayub
> --
> *Twitter*: https://twitter.com/Ayubio
> Canal no *YouTube* "Eu faço a internet funcionar": 
> https://www.youtube.com/c/Ayubio
> *Blog*: https://medium.com/@ayubio
>
>
>
> Em qua., 2 de mar. de 2022 às 11:13, Fernando Frediani via gter 
> <gter at eng.registro.br> escreveu:
>
>     Vale lembrar sempre sobre a autonomia de cada Sistema "Autônomo" de
>     escolher se comunicar com outro Sistema "Autônomo" ou não, segue
>     sendo
>     escolha de cada um e qualquer um que escolha essa opção deverá
>     arcar com
>     o ônus de explicar sua decisão para seus clientes que pagam seus
>     boletos
>     e arcar com eventuais prejuízos disso.
>
>     No Brasil o conceito de neutralidade é o que diz no Marco Civil -
>     distinguir pacotes e no caso de não ter rota para algum destino
>     não se
>     trata exatamente de violação de neutralidade.
>     Remoção de ccTTLD ou gTLD ou algo relacionado à suspensão ou
>     revogação
>     de endereçamento IP é bem diferente pois envolve questões de
>     governança
>     de Internet o que transcende a autoridade e soberania de países
>     específicos.
>
>     Veja como analogia Cogent e Hurricane Electric que não se enxergam
>     via
>     IPv6 por opção de ambas. Alguém pode argumentar que isso é uma
>     violação
>     da Neutralidade da rede, mas não é. É simplesmente a decisão de ambos
>     Sistemas Autônomos de não possuir rotas para o outro (ou para o que
>     alguns consideram "a Internet) e cada um tem lidado com os efeitos
>     dessa
>     decisão com seus clientes e bem ou mal tem funcionado para cada um
>     deles
>     e para os clientes deles.
>
>     Concordo que fragmentar a Internet pode não ser o caminho para tentar
>     resolver essa situação porém não podemos confundir violação de
>     neutralidade com a decisão de Sistemas Autônomos em se comunicarem ou
>     não com quem eles desejam - vide exemplo Cogent x Hurricane
>     Electric acima.
>
>     Abraços
>     Fernando
>
>     Em 02/03/2022 10:35, Rogerio Mariano via gter escreveu:
>     > Respeitosamente para com os colegas nesse espaço, esse é o tipo de
>     > discussão que não deveríamos amplificar aqui na lista.
>     >
>     > Vale lembrar aos colegas da lista:
>     >
>     > https://principios.cgi.br/
>     >
>     > Para quem tem dúvida sobre a neutralidade e a isonomia da rede,
>     sugiro ler
>     > os documentos da WSIS/CMSI (Cúpula Mundial sobre a Sociedade da
>     Informação)
>     > principalmente os documentos de Tunis em 2005 e da NetMundial no
>     Brasil em
>     > 2014:
>     >
>     >
>     https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/1/CadernosCGIbr_DocumentosCMSI.pdf
>     >
>     >
>     https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/4/Documento_NETmundial_pt.pdf
>     >
>     > Excluir e/ou bloquear um ASN, quebrar caminhos físicos ou
>     deletar um ccTLD
>     > ou gTLD da zona raiz de um país, certamente não é um caminho,
>     mesmo que
>     > esse país seja agressor (seus governantes são, não os seus
>     cidadãos!!!!).
>     >
>     >   Fragmentar a Internet não é o caminho para resolver a
>     estupidez humana.
>     >
>     > Saudações,
>     > Rogerio Mariano
>     >
>     >
>     >
>     > Em qua., 2 de mar. de 2022 às 10:05, Rafael Cresci via gter <
>     > gter at eng.registro.br> escreveu:
>     >
>     >> A Namecheap tem a parte barata das operações humanas baseada na
>     Ucrania -
>     >> talvez o motivo do posicionamento.
>     >>
>     >> On Wed, 2 Mar 2022 at 13:14, Rubens Kuhl via gter
>     <gter at eng.registro.br>
>     >> wrote:
>     >>
>     >>> Na verdade elas reagiram à impossibilidade de logística e de
>     >>> pagamentos. O único caso de gente que mesmo em dia com
>     pagamentos está
>     >>> sendo convidado a desativar serviços é da Namecheap, que não é uma
>     >>> grande da Internet.
>     >>>
>     >>>
>     >> --
>     >> gter list https://eng.registro.br/mailman/listinfo/gter
>     >>
>     > --
>     > gter list https://eng.registro.br/mailman/listinfo/gter
>     --
>     gter list https://eng.registro.br/mailman/listinfo/gter
>


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