[GTER] Guerra: Exclusões de ASN's Russos

T. Ayub listas at ayub.net.br
Wed Mar 2 11:44:50 -03 2022


Olá, Frediani

Se dois sistemas autônomos nunca chegaram a um acordo sobre peering e são
inalcançáveis entre si é um cenário que não pode ser comparado ao boicote
de um conjunto de ASes a um país. No primeiro, temos uma funcionalidade que
nunca existiu. Quem adquire a oferta comercial da Cogent e da Hurricane
Eletric sabe (ou deveria saber) desde antes de celebrar o contrato dessa
característica do serviço: essas redes não se conversam em IPv6 e portanto
podem ser comparadas ao trânsito IP normal, são ofertas num degrau inferior
como a de trânsito IP parcial. No meu método de comparação de ofertas de
trânsito IP apresentado no GTER 48, o valor do Mbps da Cogent e da HE devem
precificados/avaliados num patamar menor do que as demais ofertas:
https://www.youtube.com/watch?v=Fo-cmSSC3uo

No segundo caso o cenário aqui proposto pelo Armamentista, temos a
introdução de um defeito na rede de forma deliberada que não existia antes,
de um tratamento *não* isonômico do tráfego de dados, um boicote. ASes
brasileiros que se comunicavam normalmente com ASes russos deixariam de
fazê-lo. Portanto, para mim, uma clara violação na neutralidade da rede.

E para quem não sabia, sim, temos dois players internacionais que se dizem
Tier-1 (e isso é sempre um título autoproclamado) não alcançam (e nunca
alcançaram) os endereços IPv6 um do outro por disputa comercial. Essa
história tem um fato curioso é que a HE sempre se esforça para que esse
peering aconteça ao ponto de ter encomendado um bolo e redigido nele um
pedido de peering e entregue no stand da Cogent em um evento, que muito
constrangida riu, aceitou o bolo, comeu o bolo mas ignorou o pedido. A foto
do bolo e mais detalhes podem ser encontrados nessa reportagem:
https://www.theregister.com/2018/08/28/ipv6_peering_squabbles/


Abraços,


Ayub
--
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Em qua., 2 de mar. de 2022 às 11:13, Fernando Frediani via gter <
gter at eng.registro.br> escreveu:

> Vale lembrar sempre sobre a autonomia de cada Sistema "Autônomo" de
> escolher se comunicar com outro Sistema "Autônomo" ou não, segue sendo
> escolha de cada um e qualquer um que escolha essa opção deverá arcar com
> o ônus de explicar sua decisão para seus clientes que pagam seus boletos
> e arcar com eventuais prejuízos disso.
>
> No Brasil o conceito de neutralidade é o que diz no Marco Civil -
> distinguir pacotes e no caso de não ter rota para algum destino não se
> trata exatamente de violação de neutralidade.
> Remoção de ccTTLD ou gTLD ou algo relacionado à suspensão ou revogação
> de endereçamento IP é bem diferente pois envolve questões de governança
> de Internet o que transcende a autoridade e soberania de países
> específicos.
>
> Veja como analogia Cogent e Hurricane Electric que não se enxergam via
> IPv6 por opção de ambas. Alguém pode argumentar que isso é uma violação
> da Neutralidade da rede, mas não é. É simplesmente a decisão de ambos
> Sistemas Autônomos de não possuir rotas para o outro (ou para o que
> alguns consideram "a Internet) e cada um tem lidado com os efeitos dessa
> decisão com seus clientes e bem ou mal tem funcionado para cada um deles
> e para os clientes deles.
>
> Concordo que fragmentar a Internet pode não ser o caminho para tentar
> resolver essa situação porém não podemos confundir violação de
> neutralidade com a decisão de Sistemas Autônomos em se comunicarem ou
> não com quem eles desejam - vide exemplo Cogent x Hurricane Electric acima.
>
> Abraços
> Fernando
>
> Em 02/03/2022 10:35, Rogerio Mariano via gter escreveu:
> > Respeitosamente para com os colegas nesse espaço, esse é o tipo de
> > discussão que não deveríamos amplificar aqui na lista.
> >
> > Vale lembrar aos colegas da lista:
> >
> > https://principios.cgi.br/
> >
> > Para quem tem dúvida sobre a neutralidade e a isonomia da rede, sugiro
> ler
> > os documentos da WSIS/CMSI (Cúpula Mundial sobre a Sociedade da
> Informação)
> > principalmente os documentos de Tunis em 2005 e da NetMundial no Brasil
> em
> > 2014:
> >
> >
> https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/1/CadernosCGIbr_DocumentosCMSI.pdf
> >
> > https://www.cgi.br/media/docs/publicacoes/4/Documento_NETmundial_pt.pdf
> >
> > Excluir e/ou bloquear um ASN, quebrar caminhos físicos ou deletar um
> ccTLD
> > ou gTLD da zona raiz de um país, certamente não é um caminho, mesmo que
> > esse país seja agressor (seus governantes são, não os seus cidadãos!!!!).
> >
> >   Fragmentar a Internet não é o caminho para resolver a estupidez humana.
> >
> > Saudações,
> > Rogerio Mariano
> >
> >
> >
> > Em qua., 2 de mar. de 2022 às 10:05, Rafael Cresci via gter <
> > gter at eng.registro.br> escreveu:
> >
> >> A Namecheap tem a parte barata das operações humanas baseada na Ucrania
> -
> >> talvez o motivo do posicionamento.
> >>
> >> On Wed, 2 Mar 2022 at 13:14, Rubens Kuhl via gter <gter at eng.registro.br
> >
> >> wrote:
> >>
> >>> Na verdade elas reagiram à impossibilidade de logística e de
> >>> pagamentos. O único caso de gente que mesmo em dia com pagamentos está
> >>> sendo convidado a desativar serviços é da Namecheap, que não é uma
> >>> grande da Internet.
> >>>
> >>>
> >> --
> >> gter list    https://eng.registro.br/mailman/listinfo/gter
> >>
> > --
> > gter list    https://eng.registro.br/mailman/listinfo/gter
> --
> gter list    https://eng.registro.br/mailman/listinfo/gter
>


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