[GTER] PTT (e PTT-SP) - Envolvimento da comunidade
Roberto Bertó
roberto.berto at gmail.com
Fri May 15 12:58:34 -03 2015
+1
Em sex, 15 de mai de 2015 às 12:53, Carlos Ribeiro <cribeiro at telbrax.com.br>
escreveu:
> Prezados,
>
> Vou tratar de um tema que eu acho polêmico, e que é muito fácil de
> distorcer. Então, antes de mais nada, gostaria de deixar claro meu absoluto
> respeito pela iniciativa do PTT, pelo trabalho realizado pelo Milton Kaoru
> ao longo de vários anos, e a competência e dedicação da equipe técnica do
> NIC.br, que tem profissionais do calibre do Eduardo Ascenço, Antônio
> Moreiras, Ricardo Patara, e tantos outros, muitos com participação ativa
> nessa lista.
>
> Também deixo claro que essa não é a opinião da Telbrax, mesmo porque eu me
> afastei das atividades executivas da Telbrax em dezembro de 2014 e hoje
> estou desenvolvendo outras atividades de forma independente. Apenas estou
> usando essa conta porque é por ela que eu estou cadastrado na lista.
>
> Refletindo um pouco sobre as ocorrências mais recentes dentro do ambiente
> do PTT (e especialmente do PTT de SP), penso que ele é hoje vítima do seu
> próprio sucesso.
>
> O que me chamou mais a atenção, recentemente, foi a explicação segundo a
> qual os problemas intermitentes com o Google Cache são decorrência do
> estouro de capacidade de alguns PIX do PTT de SP. (Se eu entendi errado me
> desculpem...)
>
> Não se pode negar que a equipe do PTT tenha se preocupado e tentado
> antecipar ações para lidar com esse volume fenomenal de tráfego. Nos
> últimos anos o PTT SP recebeu um upgrade significativo de tecnologia,
> visando permitir seu crescimento a longo prazo, adotando tecnologias e
> práticas já adotadas com sucesso em outros PTTs de primeira linha como
> Amsterdam, Londres ou Japão. No entanto, vejo duas questões fundamentais
> que a meu ver precisam ser endereçadas.
>
> A primeira questão é a falta de uma abertura maior para discutir as
> questões de arquitetura e tecnologia do PTT com a comunidade. Apesar de
> patrocinar eventos como o PTT Forum, não existe de fato uma discussão, ou
> nem mesmo um forum técnico onde a comunidade possa ser informada ou dar
> sugestões sobre essas questões, de forma antecipada, participando desse o
> planejamento. Para todos os efeitos práticos - e digo isso sem nenhum
> julgamento de valor - o PTT é como se fosse uma operadora, e os ASs
> participantes são seus clientes. Talvez seja esse o modelo correto,
> considerando que se trata de um projeto que é custeado com recursos do
> NIC.br, e operado pela equipe do NIC.br; portanto nada mais justo que eles
> tenham essa prerrogativa. Porém, dada a natureza do projeto e a sua
> importância estratégica para a qualidade da Internet Brasileira; e dado o
> fato de que a manutenção de uma fatia significativa do mercado,
> representada pelos provedores independentes, depende da sua presença no PTT
> de SP; eu acredito que o projeto como um todo só tem a perder ao não
> aproveitar contribuições que poderiam ser valiosas, dada a qualidade e a
> diversidade de experiências que a comunidade poderia agregar em um processo
> mais aberto.
>
> O outro ponto só pode ser discutido depois de superado o ponto inicial, mas
> vale a pena ser apresentado. O modelo de PTT no Brasil é elogiadissimo
> mundo afora como uma solução inovadora, que aliou um pragmatismo técnico e
> comercial, com o modelo de abertura de pontos de interconexão (PIX) de
> forma bastante democrática. Isso levou ao crescimento do PTT, especialmente
> de SP, de forma exponencial.
>
> A consequência disso para o PTT de SP pode ser vista nos problemas
> relatados recentemente. Outros PTTs mais restritivos - como aqueles que por
> exemplo estejam localizados dentro de um grande datacenter, ou com uma
> pequena quantidade de PIXs muito bem estruturados, tem uma facilidade maior
> em ampliar capacidade. Em alguns casos trata-se de simples expansão de LAN,
> que pode ser feita com rapidez e custo baixo. Já o modelo do PTT de SP, por
> outro lado, exige ampliação de uma estrutura muito mais ampla, com
> infraestrutura variada e diversos "stakeholders" envolvidos.
>
> Colocados estes dois pontos, lembro o que disse no começo: não se trata de
> forma alguma de desconfiança da qualidade do trabalho ou da competência da
> equipe do PTT. Trata-se apenas de tentar buscar um diálogo mais amplo para
> tentar trazer idéias e experiencias novas para o processo.
>
> Também não saberia dizer hoje qual seria o melhor modelo para ampliar esse
> diálogo. Não acho que seja produtivo simplesmente abrir uma discussão
> pública de todos os temas ligados ao PTT. Acredito que é possível pensar em
> um modelo que seja viável mas também representativo. A publicação de
> consultas públicas para discutir temas de interesse da comunidade é um
> mecanismo valido, bem como a formação de grupos de interesse mais
> especializados. Mas isso não é algo que me caiba resolver. Espero apenas
> ter dado minha contribuição para a discussão ao propor o tema.
>
> Estou viajando, talvez não consiga responder com muita agilidade, mas fico
> à disposição de quem quiser conversar.
>
> Atenciosamente,
>
> Carlos Ribeiro
> cribeiro at telbrax.com.br
> carribeiro at gmail.com.`
> --
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