[GTER] PTT (e PTT-SP) - Envolvimento da comunidade

Carlos Ribeiro cribeiro at telbrax.com.br
Fri May 15 11:33:08 -03 2015


Prezados,

Vou tratar de um tema que eu acho polêmico, e que é muito fácil de
distorcer. Então, antes de mais nada, gostaria de deixar claro meu absoluto
respeito pela iniciativa do PTT, pelo trabalho realizado pelo Milton Kaoru
ao longo de vários anos, e a competência e dedicação da equipe técnica do
NIC.br, que tem profissionais do calibre do Eduardo Ascenço, Antônio
Moreiras, Ricardo Patara, e tantos outros, muitos com participação ativa
nessa lista.

Também deixo claro que essa não é a opinião da Telbrax, mesmo porque eu me
afastei das atividades executivas da Telbrax em dezembro de 2014 e hoje
estou desenvolvendo outras atividades de forma independente. Apenas estou
usando essa conta porque é por ela que eu estou cadastrado na lista.

Refletindo um pouco sobre as ocorrências mais recentes dentro do ambiente
do PTT (e especialmente do PTT de SP), penso que ele é hoje vítima do seu
próprio sucesso.

O que me chamou mais a atenção, recentemente, foi a explicação segundo a
qual os problemas intermitentes com o Google Cache são decorrência do
estouro de capacidade de alguns PIX do PTT de SP. (Se eu entendi errado me
desculpem...)

Não se pode negar que a equipe do PTT tenha se preocupado e tentado
antecipar ações para lidar com esse volume fenomenal de tráfego. Nos
últimos anos o PTT SP recebeu um upgrade significativo de tecnologia,
visando permitir seu crescimento a longo prazo, adotando tecnologias e
práticas já adotadas com sucesso em outros PTTs de primeira linha como
Amsterdam, Londres ou Japão. No entanto, vejo duas questões fundamentais
que a meu ver precisam ser endereçadas.

A primeira questão é a falta de uma abertura maior para discutir as
questões de arquitetura e tecnologia do PTT com a comunidade. Apesar de
patrocinar eventos como o PTT Forum, não existe de fato uma discussão, ou
nem mesmo um forum técnico onde a comunidade possa ser informada ou dar
sugestões sobre essas questões, de forma antecipada, participando desse o
planejamento. Para todos os efeitos práticos - e digo isso sem nenhum
julgamento de valor - o PTT é como se fosse uma operadora, e os ASs
participantes são seus clientes. Talvez seja esse o modelo correto,
considerando que se trata de um projeto que é custeado com recursos do
NIC.br, e operado pela equipe do NIC.br; portanto nada mais justo que eles
tenham essa prerrogativa. Porém, dada a natureza do projeto e a sua
importância estratégica para a qualidade da Internet Brasileira; e dado o
fato de que a manutenção de uma fatia significativa do mercado,
representada pelos provedores independentes, depende da sua presença no PTT
de SP; eu acredito que o projeto como um todo só tem a perder ao não
aproveitar contribuições que poderiam ser valiosas, dada a qualidade e a
diversidade de experiências que a comunidade poderia agregar em um processo
mais aberto.

O outro ponto só pode ser discutido depois de superado o ponto inicial, mas
vale a pena ser apresentado. O modelo de PTT no Brasil é elogiadissimo
mundo afora como uma solução inovadora, que aliou um pragmatismo técnico e
comercial, com o modelo de abertura de pontos de interconexão (PIX) de
forma bastante democrática. Isso levou ao crescimento do PTT, especialmente
de SP, de forma exponencial.

A consequência disso para o PTT de SP pode ser vista nos problemas
relatados recentemente. Outros PTTs mais restritivos - como aqueles que por
exemplo estejam localizados dentro de um grande datacenter, ou com uma
pequena quantidade de PIXs muito bem estruturados, tem uma facilidade maior
em ampliar capacidade. Em alguns casos trata-se de simples expansão de LAN,
que pode ser feita com rapidez e custo baixo. Já o modelo do PTT de SP, por
outro lado, exige ampliação de uma estrutura muito mais ampla, com
infraestrutura variada e diversos "stakeholders" envolvidos.

Colocados estes dois pontos, lembro o que disse no começo: não se trata de
forma alguma de desconfiança da qualidade do trabalho ou da competência da
equipe do PTT. Trata-se apenas de tentar buscar um diálogo mais amplo para
tentar trazer idéias e experiencias novas para o processo.

Também não saberia dizer hoje qual seria o melhor modelo para ampliar esse
diálogo. Não acho que seja produtivo simplesmente abrir uma discussão
pública de todos os temas ligados ao PTT. Acredito que é possível pensar em
um modelo que seja viável mas também representativo. A publicação de
consultas públicas para discutir temas de interesse da comunidade é um
mecanismo valido, bem como a formação de grupos de interesse mais
especializados. Mas isso não é algo que me caiba resolver. Espero apenas
ter dado minha contribuição para a discussão ao propor o tema.

Estou viajando, talvez não consiga responder com muita agilidade, mas fico
à disposição de quem quiser conversar.

Atenciosamente,

Carlos Ribeiro
cribeiro at telbrax.com.br
carribeiro at gmail.com.`



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