[GTER] Modelo de venda de transito no Brasil
Fernando Frediani
fhfrediani at gmail.com
Fri Sep 5 23:19:51 -03 2014
Certo Rafael, ótimos pontos.
A respeito do Overselling eu até pensei nisso inicialmente, mas acredito
que hoje em dia, 2014 isso nao seria um problema tão grande que as
telecoms tem que se preocupar; posso estar errado. O ISP mesmo com uma
porta 1Gbp/s ou 10Gbp/s liberada certamente vai tomar todo o cuidado
necessário para não satura-la e ter que pagar a mais, porém se
eventualmente um cliente precisar utilizar para pequenos picos essa é a
grande vantagem do burstable.
A questão da medição diferente por parte de quem vende e de quem compra
realmente é um ponto importante. Já tivemos problema com isso apesar de
muito poucas vezes pois os clientes sempre entenderam bem como
funcionamento do 95th %. Quando mudamos a medição de 5 em 5 minutos para
Netflow houveram algumas diferenças significantes. Inclusive me lembro
que tinha um que fazia streaming 1 vez por mês e se encaixava bem desse
modelo. Era ganho pra nós pela receita extra e pra eles pela flexibilidade.
A questão do over-subscribe citada pelo Rubens (chega com STM-4 e
entrega Gigabit) é um ponto bastante válido tambem.
O que eu ainda tenho dificuldade em entender é como pode ser vantajoso
para o ISP comprar digamos 700 Mbp/s em uma porta de 1Gbp/s sem jamais
poder usar 100% os 700 Mbp/s pois teria perda de pacotes. Portanto ele
sempre vai pagar o valor cheio e quando chegar a 80% ter que solicitar o
aumento. A única vantagem para o ISP que consigo ver é na questão de
planejamento de custos, apesar de que se o consumo por parte dos
clientes (que em compram da mesma maneira) for maior, em teoria a
receita também é maior.
Em outras palavras se isso é realmente apenas uma questão cultural ou os
aspectos técnicos ainda se sobrepõe a isso por aqui ?
Abraços.
Fernando
On 06/09/2014 01:51, Rafael Cresci wrote:
> Fernando,
>
> Eu sempre comprei banda nos EUA e Europa também em modelo burstable ou full
> unmetered pipe.
>
> Aqui no Brasil não é comum e algumas operadoras e datacenters se negam a
> vender burstable por alguns motivos:
>
> a) Overselling pesado da capacidade que não se tem, o que faz os clientes
> desconfiarem deste tipo de oferta;
> b) Clientes que dão calote nos overages acima do CDR por achar q tem q
> pagar preço fixo e se recusar a entender como funciona o 95th %
> c) Custos muito altos por mega que fazem qualquer planejamento
> financeiro/contabil ir por agua abaixo. Uma coisa é sua conta poder vir
> entre 1000 e 10.000€/$ no mes, outra é ela vir entre 100.000 e 1.000.000 de
> reais (baseando-me em preço de R$ 100/Mbps e US$/€ 1/Mbps e uma porta de
> 10G a 1G de CDR).
> d) Discrepancia nos metodos de medida e nas variaveia de tempo utilizadas
> nas mesicoea, onde o cliente mede um grafico de um jeito do lado dele da
> porta e o carrier mede de outra - devido a arredondamentos diferentes do
> 95th % ou de quais samplea foram tirados em diferentes horarios, e.g. o
> provedor tira de 5 em 5 minutos no 0 e 5 da hora e o cliente faz o polling
> no 1 e 6 da hora. Já vi infindáveis brigas por causa disso a parar na
> justiça ou chargeback ou expulsão do cliente e má fama do provedor.
>
> Abraços,
> Rafael Cresci
> Enviado do celular
>
> On Friday, September 5, 2014, Fernando Frediani <fhfrediani at gmail.com>
> wrote:
>
>> Pessoal,
>> Preciso de uma ajuda para entender algo que acredito ser simples, mas que
>> ainda me confunde aqui no Brasil.
>> Recentemente retornei ao Brasil vindo da Europa aonde trabalhei por vários
>> anos. Lá vendíamos transito aos nossos clientes da seguinte forma:
>>
>> - Cada cliente tinha no mínimo 1 porta de 100Mbp/s ou 1 Gbp/s e podia
>> utilizar utilizar o link em full speed se assim desejasse ou precisasse,
>> mas o que ele paga no final do mês é o que chamamos de Commited Data
>> Rate(CDR) (por exemplo 10Mbp/s) que é a média mensal de consumo medido
>> usando a medida 95th percentile, desconsiderando os picos do mês. Se ele
>> passar dos 10Mbp/s na média ele então paga um valor diferente pelo Mbp/s
>> adicional sem o perigo de saturação do link. O famoso conhecido como
>> 'burstable internet bandwidth'. Conforme o consumo médio aumenta a única
>> coisa que ele tem que fazer é contratar uma CDR maior e negociar um valor
>> menor desde que o tráfego esteja dentro da capacidade do link.
>> Conversando com um gerente de contas de uma operadora aqui no Brasil e com
>> alguns amigos que tem provedores eles me disseram que aqui normalmente
>> funciona diferente. Aqui, em muitos casos, a operadora apesar de te dar uma
>> porta de 1Gbp/s faz controle de banda na velocidade que você contratou
>> (e.g: 700Mbp/s) e voce pode consumir quanto quiser dentro daquela
>> velocidade. Achei estranho ser dessa forma e perguntado o porque de ser
>> assim aqui no Brasil ele disse "que é ao costume e a cultura já é assim por
>> muitos anos".
>>
>> O interessante é que nós que comprávamos transito da Level 3 e tínhamos
>> várias portas Gigabit em diversos datacenters de vários países, pagávamos
>> um único valor do Mbp/s e que era calculado como a média do consumo de
>> todas essas portas, mesmo que algumas tivessem baixo tráfego.
>>
>> É realmente menos comum não se contratar burstable por aqui ou existem os
>> dois modelos de venda de transito que são igualmente viáveis economicamente
>> ?
>>
>> Obrigado.
>> Fernando
>>
>>
>>
>>
>>
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