[GTER] [caiu] PTT - Sp com problemas?

Rafael Cresci cresci at gmail.com
Sat Mar 22 12:50:10 -03 2014


Milton-san,

> Quanto a centralização citada. O PTT de São Paulo está longe de ser um concentrador de tráfego, os exemplos citados AMS-IX, DE-CIX e LINX tem troca de tráfego superiores a dois Terabits/segundos, tem mais de 300 participantes com participantes do mundo inteiro, alias a maioria, a geolocalização está longe de ser o motivador. É natural, se analisarmos o ecossistema da Internet, trata-se de escolha dos participantes seja por razões econômicas, por melhoria da qualidade por redução da latência e eliminação de redes terceiras, ou maior controle sobre a entrega de seu tráfego ao destino.
>
> Sobre os grande conteúdos (Google, Facebook, Netflix, Globo, Terra, Amazon, Microsoft, etc.). Nós reiteradas vezes pedimos a eles para colocarem seus conteúdos nas outras cidades, mas a decisão depende deles. O Google já ativou no Rio de Janeiro, Netflix tem planos para estar presente em outras localidades, Globo e Amazon estão presentes em São Paulo e Rio de Janeiro, Terra em São Paulo e Porto Alegre, Akamai, nem em São Paulo, e não é falta de convite, justificam razões de custos, mas não estão presentes em nenhum PTT.


Creio que aqui vá repetir coisas que já disse antes na lista, mas não
custa nada lembrar.

A "visão gringa" principalmente dos provedores de conteúdo de estar no
PTT-SP, visão essa que conheço profundamente por ter trabalhado com
datacenters e provedores de conteúdo de fora por muitos anos e
recentemente, é influenciada por três máximas:
1. A cidade é a "business capital" do Brasil (alguns achando que é a
única, mas aí é questão de nosso marketing internacional não funcionar
direito e do povo achar que, por exemplo, Rio é só samba, mulatas,
cerveja e favelas, num comparativo);
2. "Everybody else" está lá;
3. O "tráfego" está lá.

Ou seja, é o efeito Tostines em ação.

Isso é corroborado, por exemplo, pelo fato de que um grande provedor
de conteúdo internacional resolveu se instalar só e somente na região
de São Paulo (no máximo Campinas como segunda opção, e de preferencia
na região da marginal Pinheiros), e recentemente enviou por aí RFQs
pedindo "míseros" 3MW de energia só pra começar (daqui a 6 meses), e
dobrando isso pra daqui a 1 ano e meio. O caso é notável porque este
provedor de conteúdo tem capacidade suficiente para ser talvez uma
porta de 100Gbps no PTT-SP e forçar mais ainda o tráfego pra este PTT,
uma vez que é previsto uma grande mudança de parte do conteúdo dos EUA
e Europa desde provedor, para vir para dentro do Brasil.

A pior parte é que algum maluco dentro de Sampa mesmo (nada de
Campinas) VENDEU isso pra eles. Quero ver como vão entregar (não estou
duvidando que consigam, mas face o status quo, vai ter que chupar cana
e assobiar ao mesmo tempo), visto todas as dificuldades energéticas
que a cidade vem enfrentando e as limitações da Eletropaulo que, como
outros datacenters da região sabem bem, fica fazendo doce e querendo
entregar só de 480kW em 480kW por vez até porque não tem como entregar
mais, ou outros expedientes loucos que todos já conhecemos como
funciona para negarem o fornecimento.

É isto, aliás, que talvez comece a direcionar o peering pra fora da
cidade: as dificuldades da megalópole (e falo indistintamente entre
Sampa e Rio) estão aparecendo e se apresentando uma a uma: o sistema
elétrico está por um fio de novos colapsos e novos apagões; o
fornecimento de água está passando pelo inferno astral nesse exato
momento, o trânsito é uma desgraça e o custo de vida está pela hora da
morte.

O custo de vida e seu respectivo aumento nos salários e aluguéis pode
não ser impactante para uma operação deste tamanho da citada acima,
mas com certeza é para os content providers menores. O trânsito é um
problema menor também, mas pode afetar por causa da qualidade/tempo de
atendimento (em especial em operações lights off/unmanned).

Mas o problema da limitação energética não pode ser descartado assim, do nada.

[]s
Rafael Cresci



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