[GTER] O "mito" da latência satelital.

Danton Nunes danton.nunes at inexo.com.br
Mon Aug 2 17:48:57 -03 2010


On Mon, 2 Aug 2010, MARLON BORBA wrote:

> Um dos problemas alegados pela JF para a expansão de sua conectividade
> a seções judiciárias distantes, como é o caso de Rondônia, Amapá ou
> Roraima, é a inexistência de meios físicos diretos de conexão, obrigando
> o órgão a contratar circuitos de satélite.
>
> Sucede, porém, que tais circuitos apresentam, segundo se diz, uma
> elevada latência, a ponto de piorar o tempo de resposta das aplicações.

a latência é real e se deve a dois fatos. o satélite fica muito longe e a 
luz anda muito devagar. como não podemos mudar nenhuma dessas duas 
condições, temos que conviver com o atraso.

> Para mitigar o problema, alguns fabricantes de equipamentos de
> compressão de dados (Juniper/Peribit e outros) argumentam que pode-se
> usar a técnica de "handshaking antecipado" em que o produto se antecipa à
> resposta do servidor remoto e dá como efetivada a conexão (embora sem
> dados, que os compressores não chegam a tal milagre).

sim, essas coisas funcionam bem, para os usos tradicionais da rede, mas 
não para usos muito interativos com datagramas curtos.

> a) No que realmente esses "compressores" (em relação aos quais nutro
> uma antiga desconfiança) podem beneficiar conexões de elevada latência,
> se, pela inexistência de meio físico, os dados "comprimidos" trafegam no
> MESMO SINAL DE SATÉLITE!?

eles nem deveriam ser chamados compressores, o que eles fazem é juntar um 
número grande de datagramas em datagramas-monstro para mandar para cima. 
para conseguir isso engabelam o transmissor com ACKs falsos. depois 
descarregam a saraivada no receptor e, obviamente, não repassam os ACKs 
recebidos. se não me engano esse processo é patenteado pela Nokia.

isso pode causar vários problemas, como o lado que envia não perceber que 
o outro caiu, por exemplo. e não funciona em protocolos altamente 
interativos (uma sessão interativa via ssh, por exemplo, tem prazo de 
entrega em vez de tempo de resposta, experiência pessoal), mas streamming, 
web (aí quanto maior a página mais ela vai parecer rápida), FTPs e 
similares, funcionam razoavelmente bem.

não sei se alguém já fechou sessão de BGP4 em enlace de satélite com esse 
tipo de gambiarra de ACK proativo.

> b) A situação da latência é ainda de tal ordem crítica? E, realmente,
> satélite vem a ser, nos dias de hoje, a ÚNICA opção para essas
> localidades distantes?

sim, e sim. satélites de órbita baixa seriam melhores, e telefonia celular 
já está bastante ubíqua para ser considerada como alternativa, com a 
desvantagem de ser muito assimétrica.

Danton



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