[GTER] Telebrás e um Projeto mais Nacional
Danton Nunes
danton at inexo.com.br
Tue Jul 21 10:48:43 -03 2009
On Tue, 21 Jul 2009, GIULIANO (UOL) wrote:
> Danto,
>
> Calma. Foi so uma discussao. Nao precisa ficar com os animos elevados a flor
> da pele (e a impressao que da no seu e-mail).
só de ouvir falar dessas múmias de um passado podre do brasil, já me dá
urticárias. e eu fui "barnabé" estadual e federal por muitos anos, sei
como é o monstro quando olhado das vísceras.
> O projeto NLR e financiado pela NSF (nsf.gov) com dinheiro grosso do governo
> americano. Ja investiram mais de 5 Bilhoes de dolares desde o lancamento. Ou
> vc acha que os fabricantes e as operadoras que estao participando do projeto
> ... estao fazendo tudo de graca ? La ... o investimento privado das academias
> e regional. O grosso do governo garante a infra nacional.
dinheiro é uma coisa, iniciativa é outra completamente diferente. além
disso a NSF é uma agência com uma independência em relação aos ministérios
(lá eles chamam de secretarias) que nenhuma agência (se é que dá para
chamar assim) aqui no Brasil tem. Nosso CNPQ que seria a contrapartida da
NSF é pendurado no MCT. E por dinheiro em iniciativas assim é, para o
governo, nada mais do que obrigação. Fiscalizar seu uso, também.
> E logico que la e mais facil, pois os fabricantes de equipamentos e fibras
> estao todos la dentro ou la perto.
temos bons fabricantes de fibras aqui também, e o custo de equipamentos
não é o item mais caro de um projeto desses.
> O que eu nao me conformo aqui no Brasil e essa restricao ridicula do uso de
> fibra optica.
que restrição? se restrições há, são por causa de preços. Se você quer
saber o que são restrições pegue uma máquina do tempo e volte para os anos
80, época em que a própria telebrás punha areia na então nascente internet
brasileira, porque o futuro deveria ser ISO/OSI. Arrrgghhhhh!
> Pra que algumas agencias do governo, por exemplo, tenham acesso a fibra
> apagada ... tem que pedir pelo amor de deus e bencao pras operadoras
> privadas. Ou pagar milhoes e milhoes por mes. Ou ainda ... nao consegue
> comprar de jeito nenhum ... nem lambda ... nem fibra apagada.
se elas quiserem sair por aí fazendo buraco e passando as próprias fibras,
podem, é só conseguir uma licença da anatel e fazer as parcerias
necessárias, mas posso garantir que sairá muito mais caro que alugar infra
já existente.
aí, se decidir fazer vai ter que fazer licitação pela lei 8666, vai ganhar
um picareta (porque essas concorrências quase sempre são vencidas pelo
menor preço e a lei foi concebida especialmente para proteger o picareta)
que não vai entregar o serviço, aí a coisa vai para a justiça e fica
enrolando... eu já vi esse filme várias vezes.
> Concordo que o governo errou e ainda erra na questao de concessoes. Mas uma
> infra de fibra nacional, totalmente disponivel e a favor de um projeto
> nacional, poderia e muito ajudar. O modelo em que isso sera implantado eu nao
> sei ao certo, poderia ate ser algo como:
>
> - O governo e a iniciativa privada passam a fibra e investem juntos nos
> equipamentos de multiplexacao optica (temos uma empresa 100% nacional pra
> fazer isso).
esse papo de 100% nacional é uma tremenda besteira. João Goulart e Brizola
já morreram! e o que adianta a, sei lá, REDEBRÁS, ser 100% nacional se vai
operar com equipamentos Cisco, Nortel e Alcatel? Ou você quer também
ressuscitar a reserva de mercado de informática, que atrasou este país em
uns vinte anos, não só na informática mas em várias tecnologias que dela
dependem de uma forma ou de outra (p.ex. injeções eletrônicas não entraram
no brasil por muito tempo porque continham computadores embarcados porisso
estavam sujeitas à porcaria da reserva e nem Bosch ou Magneti Marelli
estavam dispostas a dar de bandeja suas tecnologias para os picaretas
nacionais de plantão. queimamos muito combustível e produzimos poluição à
toa por conta disso)
qual foi o erro da eletronet e por que ela foi pro vinagre? eu que quis
usar sua rede e não consegui (o samba todo ficou mais caro que alugar de
operadora) motivo: eles não tem ponto de presença em lugar civilizado. não
há como resolver última milha pois os pops da eletronet são nas estações
elétricas. o custo da última milha (a menos que você use wireless, com
suas limitações) é maior que usar o serviço de uma operadora que consegue
te prover o serviço porta-a-porta. essa falta de acesso na última milha
matou a eletronet. quem quiser ressuscitá-la, o que sou totalmente a favor
já que a fibra já está lá e deve ser usada, tem que resolver esse problema
de última milha, estabelecendo pontos de acesso em centros urbanos. mas se
você olhar para o mapa da eletronet, é o mesmo tratado de tordesilhas que
era o mapa da primeira encarnação da RNP, isto é, o grosso da rede está a
leste do meridiano das tordesilhas. então não é isto que vai resolver o
problema de rio branco.
uma coisa eu concordo com você, seria muito bom se os modelos de negócios
de telecomunicações seguissem o próprio modelo de camadas, com uma
cláusula que vedasse quem tem concessão em uma camada pudesse disputar em
outras. mas isso no brasil, onde uma telefônica da vida tem a rede física,
o speedy e o terra? sei...
> - A iniciativa privada cuida da fibra e usa 7 lambdas de 10 (um exemplo). O
> governo teria direito de usar 3 lambdas de 10 com a mesma SLA garantida da
> empresa privada ...
de que iniciativa privada? quem tem expertise no assunto são as teles,
estas tem suas próprias redes e não precisam ser concorrentes de si
mesmas. fora delas quem está a fim de se arriscar em um negócio que, como
mostrou a eletronet, pode ir pro vinagre fácilmente e que o investidor não
conhece? o Daniel Dantas? não, esse já está em uma tele.
candidatos naturais podem ser os operadores de estradas de rodagem e malha
ferroviária, para quem o custo de passagem de fibras é irrisório, mas de
novo temos o efeito do tratado de tordesilhas, o grosso da malha está a
leste do maldito meridiano, de modo que rio branco ficou de fora de novo.
Bem, a gente poderia devolver o Acre para a Bolívia, resolvia uma parte do
problema ;-)
> Mas que nao podemos ficar somente nas maos das operadoras, isso nos nao
> podemos.
muito pior ficar na mão de políticos. depois que tivermos agências CNPQs,
etc REALMENTE independentes e de alguma forma imunes à instrumentalização
partidária, voltamos a conversar.
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