[GTER] Lentidao no Youtube e Netflix
casfre at gmail.com
casfre at gmail.com
Wed Jul 31 22:09:26 -03 2013
2013/7/31 Roberto Alcântara <roberto at eletronica.org>:
> Senhores, respeito a posição de todos, mas não acredito que isso seja
> caracterizado como quebra da neutralidade.
Concordo contigo no respeito a todas as opiniões, mas minha
experiência com Internet me leva a acreditar em um efeito extremamente
danoso nessa decisão de 'terceirizar a decisão do quanto eu posso
minha conexão de Internet".
> O recurso é escasso - não existe banda ilimitada nem faixa de frequência
> disponível infinita - e, na minha opinião, é aceitável haver a distinção
> quanto ao consumo. [ ... ]
Se o recurso é escasso, então, não há que se expandir o número de
usuários conectados. Se não há aumento de usuários, não há crescimento
de demanda e, portanto, não haverá exaustão dos recursos. E, foi
exatamente graças ao consumo de conteúdo, que presenciamos crescimento
de capacidade de conexões. Agora, que as pessoas se tornaram
'dependentes' do recurso, resolve-se, unilateralmente, 'racionar' o
consumo e a cobrar pelo 'excedente'.
> Eliminar essa possibilidade significa aumentar os preços globais. Eu, que
> uso muito pouco tráfego no telefone, precisaria pagar um plano com o dobro
> ou o triplo do valor pelo plano "sem franquia". Como consumidor seria
> prejudicado, pois não preciso de franquia ilimitada. Eu quero ter a opção
> de pagar menos para usar o que me atende.
E quem precisar do contrário não terá como adquirir [ou porque vai
deixar de existir ou porque o custo será abusivamente alto], por causa
do precedente aberto. No final, o que vai dominar é a exploração
financeira da chamada 'franquia de dados', exatamente pelo conteúdo
que mais necessita dela e que, no final das contas, é o material de
grande interesse de consumo. Quem usou internet via linha discada, com
os famigerados 'pulsos discados', que só não existiam entre 0h e 6h,
sabe como é essa Internet racionada.
E, observe que até pesquisas que demandam, por exemplo, downloads de
imagens .ISO ou similares, serão enquadradas no mesmo 'quadrante' de
todo o resto. Obviamente que há, ainda, que se considerar o que
acontecerá com conteúdos como os que se pode acessar em sites com
TED.com ou com as milhares de horas de vídeos acadêmicos no Youtube e
similares.
> A neutralidade seria quebrada se a diferenciação da banda fosse feita
> baseada no conteúdo ou origem/destino. Nesse caso sim, concordo que não é
> aceitável.
E é exatamente o que vai acontecer. O conteúdo que consome muitos
bytes, será 'automagicamente' classificado como 'franqueável'. O
problema em abrir precedentes ou 'brechas' é que somente o interesse
econômico do grande detentor dos recursos ofertados vai prevalecer.
Usuário final não tem 'poder de barganha'. Nesse panorama, o usuário
final [todos nós de alguma forma] vai acabar no velho dilema: se ficar
o bicho come, se correr o bicho pega.
IMHO, se for aprovado o texto da forma como está no artigo, voltaremos
mais de 10 anos no tocante ao uso de Internet no Brasil.
Obrigado.
Cássio
More information about the gter
mailing list