[GTER] Conexão subsidiada entre PTTs

Henrique de Moraes Holschuh henrique.holschuh at ima.sp.gov.br
Fri Oct 21 16:08:03 -02 2011


On 21-10-2011 11:40, Provedor Bogus wrote:
> Em 21 de outubro de 2011 10:26, Henrique de Moraes Holschuh<
> henrique.holschuh at ima.sp.gov.br>  escreveu:
>
>> Porque ou o governo ou o CGI.br/NIC.br deveria subsidiar transporte
>> ou trânsito entre os PTTs?
>
> Por que nós pagamos um absurdo de impostos e eles deveriam retornar
> pra sociedade de alguma forma ?

Nesse caso acho melhor trabalhar para reduzir o imposto, porque a fila
de "retorno para a sociedade" tem áreas mais prioritárias...

> Internet mais rápida, estável e barata não seria uma boa forma ?

Tem outras formas de fazer isso.  Reduzir impostos e participação
*conjunta* em fibra não são subsídio, e na minha opinião são formas mais
efetivas de diminuir (e até resolver) o problema.

>> Para mim, a resposta é bem clara: não deve.  O papel do
>> CGI.br/NIC.br é fomentar a melhoria na qualidade da Internet
>> brasileira, não carregar provedor nas costas.
>
> Existe uma distância muito grande entre uma coisa e outra. Operar um
> provedor é uma tarefa complexa que não envolve só comprar banda.
> Através dessas interligações o CGI e o NIC estariam dando um
> grandioso passo para a melhoria do nosso backbone.

Vamos ter que concordar em discordar nesse ponto.

Se alguém disponibilizar fibra apagada em quantidade suficiente, com
OPEX zerado e SLA aceitável para o NIC.br interligar PTTs, aí eu
concordo que talvez seja o caso de fazer a interligação, principalmente
entre PTTs regionais onde o NIC.br tenha condições de manter a conexão
sem gargalar nos próximos anos.  Depende muito.

Mas pegue por exemplo uma ligação envolvendo um dos PTTs-pólo (como o
PTT-SP): esses enlaces de interconexão vão gargalar, e rápido.  E aí,
como fica?  Como dividir um bem escasso que chega a ser prejudicial à
qualidade do serviço quando insuficiente subdimensionado?

Existem também as ramificações de médio e longo prazo.  Ouvi citações em
edições passadas da GTER e PTT-forum sobre um estudo de longo prazo que
foi feito do impacto de enlaces de backbone subsidiados e
desenvolvimento tecnológico, que mostrou um impacto negativo.  Só que
não estou encontrando para ler, então não sei o quanto procede...  Se
alguém tem a citação, por favor mande para a lista.

Eu sei que não gostaria de ver no Brasil um cenário onde só se consegue
comprar trânsito internacional em umas poucas cidades/PTTs e onde a
Internet Brasilieira literalmente vai abaixo se o PTT parar.  Na minha
opinião, é melhor tentar chegar a um cenário onde não só os PTTs são
fortes, mas o trânsito fora do PTT também é, só que a um preço justo (e
menos monopolizado).

Espero que a Telebrás possa exercer um papel de estoque regulador para o
mercado de transporte entre PTTs, e ajude a baixar as margens das
operadoras.  Acredito que reduzir os impostos para o transporte entre
PTTs ajudaria bastante, e na minha opinião é uma reivindicação das mais
justas.

>> Acredito ser muito melhor uso para os recursos do NIC.br
>> empregá-los para aumentar a quantidade de PTTs no Brasil, e
>> aumentar a funcionalidade dos mesmos: mais redundância, mais
>> segurança, novos serviços como o peering VoIP que está em
>> desenvolvimento, mais sistemas de apoio gerencial tais como uma IRR
>> atrelada a RPKI da NIR e RIR, fomentar uma maior participação nos
>> LGs, etc.
>
> Nada disso é conflitante com o proposto, ao contrário, é
> complementar.

O problema nesse caso seria a partilha de recurso finito.  Subsidiar
interligação entre PTTs vai consumir uma quantidade expressiva de
recursos.  Não seria conflitante somente se a parcela consumida pelos
subsídios não fosse expressiva.

>> Interligar os PTTs é uma excelente ideia, tanto que tem muito
>> provedor e operadora já fazendo isso.  O problema é querer que o
>> NIC.br ou o governo subsidie isso.
>
> Operadora não dá asa pra ninguém. Eles não deixam nada ao acaso. Ou o
> governo faz (e tem recursos, condições e motivos pra isso), ou jamais
> será feito.

Tem interligação entre PTTs funcionando no Brasil, que eu saiba tanto
via ISPs comprando transporte de operadora isoladamente, quanto em
consórcio.  A parte não-ideal aí é a operadora, que cobra caro e ainda
por cima entrega um serviço de qualidade inferior, sujeito a múltiplos
"rompimentos múltiplos de fibra" por trimestre.

O governo já tem iniciativas para ajudar em CAPEX, e eu citei este fato.
Só que elas não são simples de conseguir, e sempre é mediante
contrapartida: o governo até ajuda a construir a rede, mas sempre com o
objetivo de poder usufruir dela sem custos operacionais.

>> Que tal lutar para conseguir interligações a um preço *decente*,
>> independente do agente (iniciativa privada, Telebrás, etc)? Formar
>> consórcios dos provedores participantes em cada PTT para ligar os
>> PTTs locais de forma regional e nacional funciona muito bem, o PTT
>> Campinas é um exemplo claro disso.  Talvez tentar caracterizar este
>> tipo de conexão de transporte 'coletivo' e lutar pela redução dos
>> impostos neste caso específico?  É difícil, mas não é impossível.
>>
>
> Como interligar o PTT do Sul da Bahia ao PTT do Norte da Bahia, por
> exemplo ?

Talvez um consórcio que passe/compre a fibra, e rateie entre os
membros?  Pode procurar a participação do governo via PPP para
viabilizar o CAPEX.  Mas, que eu saiba, o OPEX fica por conta do
consórcio privado nesses casos, sem envolver o governo.

Agora, porque o governo do estado do Ceará pode fazer, mas o da Bahia
não pode, eu não faço ideia... talvez os cearenses tenham votado melhor,
ou o governo da Bahia tenha muito boas razões para ter outras prioridades.

Só que a iniciativa privada não é refém da vontade do governo
estadual/federal, ela pode tentar inverter o processo e propor a rede.

Se o governo ou o NIC.br liga os PTTs entre si e colocar para uso
público gratuito, tem que arrumar um jeito legal, justo e funcional de
dividir o uso (ou de alguma forma conseguir manter o tubo largo o
suficiente para não ficar lotado por períodos significativos).  Não é um
problema "fácil".

> O fato é: o governo está reativando a Telebrás e colocando milhões
> lá. Por que não usar a NOSSA fibra (sim, são do povo brasileiro) pra
>  fazer isso ?

Acho que a Telebrás vai fazer isso sim, só que não de graça.

Declarem à Telebrás formalmente o interesse nos serviços de trânsito
restrito aos PTTs, e/ou transporte restrito aos PTTs para ela conhecer a
demanda.  Se ela oferecer este serviço (não sei porque não o faria) a um
preço justo, vai derrubar o preço de mercado, o que tem a grande
vantagem de você não ficar tão dependente da Telebrás porque também terá
outros fornecedores.

>> Se alguém tem a capacidade técnica e política de propor ao MCT
>> (Ministério da Ciência e Tecnologia) ou ao MC (Ministério das
>> Comunicações) um projeto de PPP (parceria público-privada) para
>> lançar fibras entre os PTTs, onde as três esferas do governo (e a
>> RNP se envolver o MCT) tem direito de explorar a metade das fibras
>>  no cabo para uso próprio e da Telebrás, e a exploração da outra
>> metade do cabo fica para o consórcio de empresas SCM que aderirem
>> ao PPP e que responderia pela totalidade dos custos de operação e
>> manutenção, e talvez por uma parte dos custos de implantação...
>> acho até que poderia sair alguma coisa.  O Cinturão Digital no
>> Ceará funciona em um modelo parecido, bem como as Redes COMEP em
>> diversas capitais.
>>
>
> Estamos falando de quantos bilhões ?

Essas coisas são feitas ao longo de décadas, o que dilui esse impacto.
Por outro lado cria uma fila de espera bem longa...

> As carriers já tem suas inteligações e vivem de swap de fibra umas
> com as outras. É um mercado fechado, exclusivo e só entra quem tem
> pra trocar, mas quem leva Internet à muitas cidades brasileiras não
> são eles e sim os pequenos provedores que tem que se virar no esquema
> "Deus sabe como" enquanto as grandes conseguem financiamentos
> polpudos do BNDES e abatimento de impostos (como no caso do ICMS da
> GVT).

Eu não encaro o subsídio a enlace entre PTTs como uma medida
eficiente para "compensar" o que acontece no BNDES, a sonegação
fiscal de operadora, ou a abusividade na definição das alíquotas do
ICMS pelo governo.

É importante o apoio ao pequeno provedor, mas não concordo que enlace
inter-PTT gratuito seja uma boa forma.  Acredito que um "SCM Simples"
atrelado à redução de impostos seria melhor a médio prazo.

-- 
Henrique de Moraes Holschuh <hmh at ima.sp.gov.br>
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