[GTER] Tecnologias para provimento de internet

Tukso Antartiko tukso.antartiko at gmail.com
Sun Sep 28 23:17:36 -03 2008


Esta solução de cabos UTP (ethernet) em WAN é extremamente amadora, a tecnologia não foi projetada para isso. Aumentam o tamanho dos cabos, usam hub em postes para amplificar sinal, passam energia do jeito que der (até junto com toda a rede ou no próprio cabo UTP). É uma gambiarra de quem quer "investir" o mínimo possível ao usar apenas equipamentos de custo desprezível (placas ethernet e hubs). Não há nenhuma chance de vender ou alugar este tipo de rede para uma empresa séria, além de se desconhecer o que acontecerá no futuro, como uma placa com problema, ou outro problema individual, prejudicar todos clientes, além de outros problema de estrutura.

O recomendável é criar uma rede usando tecnologias reconhecidas para esta finalidade,  alugando postes com contratos longos e com dutos.

O Bruno recomendou usar cabo coaxial (híbrido) porque é o tipo de rede em que trabalha, neste caso recomendo usar o padrão: DOCSIS. O melhor seria uma versão mais nova para não se preocupar em mudar depois mas ele citou o mercado de usados que pode valer a pena para pequenos provedores: http://eng.registro.br/pipermail/gter/2008-September/020340.html Me parece um custo bom para quem for começar, mas é bom lembrar de comprar redundância.

xDSL está mais difundido e possui um número de técnicos maior, pois são basicamente os mesmos técnicos que trabalham com telefonia e o mercado atual (Telefonica, Telemar, BrT, GVT, CTBC, ...) atrai muito mais fornecedores. 

Fica porém a análise do negócio para o futuro. 

Na questão de banda de dados, 20mbps (que é o limite atual do ADSL2) dá e sobra para um bom tempo em cidades com pouca concorrência, apenas certifique a qualidade e distância de suas instalações para que aguentem isso quando for necessário, além de projetar a rede pensando em mudar para VDSL2 depois, pensando os pontos (1km e 500m) nesta fase futura a serem ligados por fibra onde ficarão as DSLAMs.

Para banda de dados DOCSIS também não é problema.

No caso de TV a questão é mais nebulosa. 

Primeiro tem o ponto da desregulamentação, nunca se sabe quando mudarão a legislação que hoje exige licitação e concessão de áreas para tv a cabo. Se demorar corre-se o risco de ficar com investimento neste sentido parado. Sugiro consultar alguém da área de legislação, pois estou por fora.

Em segundo lugar nunca se sabe qual será a demanda, se por VOD (vídeo sob demanda) ou Broadcast (canais tradicionais), se o consumidor se satisfará com sinal analógico ou exigirá digital, se aceitará SDTV ou se exigirá usar  toda resolução que o televisor LCD que comprou lhe prometia.

Exemplo: Se a desregulamentação de TV a cabo sair amanhã e o consumidor estiver preocupado em receber apenas canais básicos com sinal analógico (consumidor classe D), o custo de instalação do lado do usuário, no caso do cabo coaxial é quase zero, não precisa de STB, apenas cria-se um pacote simples descriptografado, e se liga o cabo coaxial na TV.

No caso de sinal digital SD, a tv a cabo sai ganhando no preço do aparelho (STB), pois a tecnologia está mais comodizada,  até por ser mais padronizada. Mas não se sabe por quanto tempo. E o aparelho com este preço mais barato hoje deverá ser trocado no futuro para aceitar HDTV e melhorar, com mpeg4, o uso do espectro compartilhado, mas, dependendo do avanço da tecnologia, HDTV pode ser viável na primeira instalação ao se usar um STB IPTV (às custas de uma perda maior na banda de dados enquanto se assiste HDTV).

Se o foco for VOD, IPTV sai ganhando pois os STBs normalmente já suportam esta função, enquanto na TV a cabo existe este recurso, normalmente restrito a PVR, apenas nos modelos mais caros. 

Um risco de IPTV é que seu usuário acostuma com a idéia de ver TV "via Internet" (que para ele é sinônimo de IP), ao invés de se conformar com a programação enlatada/broadcast da tv a cabo. Ele toma a primeira dose e se o STB permitir poderão começar a fazer várias conexões unicast para a Internet que poderá acabar com seu backbone.

Um risco de TV em geral é que este não é o negócio tradicional dos ISPs, que podem não se dar bem com as dificuldades envolvidas.

Mas acho que a solução vai muito além do last mile. É preciso contrapor às grandes teles fazendo o inverso: com especialização e cooperação, cada um fazendo o que faz melhor para benefício mútuo. 

Deveriam haver empresas focadas em transporte regional, responsáveis por comprar internet barata nos grandes centros e entregar para os pequenos a preços igualmente mais baratos sem concorrer com eles e sim com as grandes teles que prestam o mesmo serviço. Isso resolveria o problema de provedores pequenos que não conseguem preços bons e outros que querem ser ASN por motivos bobos: ter mais IPs ou na esperança de conseguir soluções milagrosas.

Os provedores locais que instalarem redes cabeadas deveriam criar cooperação com outros provedores locais, vendendo (sem subsidiar o próprio) acesso à rede local (na DSLAM, IP ou mesmo Internet) para esses outros, que ficariam com a parte de cobrança, relacionamento e suporte de PCs. O dono da rede lucraria com o aluguel. Isso evitaria que os demais reinventassem a roda e resolveria o problema destes provedores de fundo de quintal sem SCM, onde cada um que dá suporte em PC quer ser provedor. Estes continuariam prestando serviço de suporte, mas ao menos em um ambiente controlado.

Se lembrando sempre de se proteger com contratos e no CADE, para o caso de aquisições.

Fora isso tudo, formar associações para a compra de equipamentos a preços melhores também ajuda.

On 9/26/08, bruno at openline.com.br <bruno at openline.com.br> wrote:
> Ola
>
> --- "Renato de Oliveira Diogo" <renato.diogo at gmail.com> escreveu:
>> estou pesquisando sobre novas tecnologias para provimento de internet
>> na minha região. Hoje oferecemos internet via rádio (2.4GHz para
>> usuários finais, 5.8GHz para empresas). Porem estamos ciente da
>> limitação dessa tecnologia caso precisamos oferecer velocidade
>> maiores.
>> 
>> Estamos pensando em fibra optica e cabo coaxial.
>> 
>> Gostaria de saber se alguem poderia indicar tecnologias alternativas,
>> documentação ou indicação de empresas especializadas.
>
> Fibra otica a Furokawa tem uma solucão FTTH (Fiber to the home)
> mas é carissima. Não procure a Asga, eles tem oferta da solucão
> no site, pedem dados sensiveis do seu projeto para "analisar"
> e depois dizem que não estão mais fabricando o produto.
>
> Coaxial a Cianet[1] tem uma solucão outdoor um pouco cara
> e um pouco limitada (HPNA over coax 3.0, 128Mb half o que dá
> uns 40Mb full na rede, enquanto já existe lá fora HPNAoC 3.1
> com 300Mb half =~ 100Mb full na rede) mas que funciona
> razoavelmente bem
>
> Outra opcão é investir em HFC (o que as redes de tv por cabos
> usam) [2] - com a vantagem que os cable modems estão muito
> baratos atualmente, se comparados a solucão da cianet. Você
> não precisa do HEADEND de TV para fazer internet via HFC.
>
> Finalmente, tem muita gente usando com sucesso UTP em outdoor.
>



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