[GTER] PTTs (era: Sprint x Cogent depeering)

Tukso Antartiko tukso.antartiko at gmail.com
Sat Dec 6 17:08:44 -02 2008


2008/12/5 Frederico A C Neves <fneves at registro.br>

> >
> > Não queira reduzir o assunto a um ponto, para muitos PTTs inanos a
> solução é
> > muito mais simples: gestão desmotivada/sobrecarregada, falta de suporte
> > terceirizado, PIX mal localizado, instalação de 5,4 km de fibra (que
> custa
> > algumas poucas dezenas de milhares de reais),  datacenter que não permite
> > entrada de fibra de terceiros, ...
> >
> > Você usou o plural "grandes centros", mas se olhar bem os demais PTTs
> (fora
> > SP) praticamente saturaram o potencial de tráfego local. E tem gente que
> > ainda menospreza, não adianta pedir o corredor para correr e não dar
> água.
> > Tudo isso já foi mencionado no link que postei.
> >
> > Alguns gigas de conexão entre os PTTs mais saturados é totalmente
> factível.
> > Apesar de não ser caro talvez o CG nem precise desenbolsar nada, basta
> ser a
> > instituição independente que organiza a caixinha.
>
> Eu não vejo como esta sua idéia pode ser economicamente viável. Um PTT
> só tem sucesso, o que pressupõem escalabilidade/estabilidade, se o
> custo da banda for praticamente desprezível, e isto na prática implica
> switch fabric único e para isto escalar acesso a meio físico. Vamos
> ignorar os custos e necessidade de regeneração de sinal em longas
> distâncias, nos aponte aonde estão as ofertas de meio físico entre
> dois PTTMetro quaisquer de sua escolha para que esta premissa seja
> mantida.
>
> Expandindo um pouco a sua idéia com a "abundância de conectividade a
> longa distância" modelos de negócio na linha do CIX/BANDEX/etc... que
> se propunham a organizar "caixinhas" teriam sido extremamente bem
> sucedidos e já teriam coberto o planeta.


Suas suposições não são acuradas, quanto ao fator custo, o PTT não tem
sucesso porque o custo da banda é desprezível, mas porque o custo de
manutenção da porta é menor do que o da conexão direta com os AS
participantes (seja por cross connect ou link metro). Enquanto esta situação
existir ele é viável em comparação a outras alternativas, especialmente
quanto tais alternativas, são financeiramente inviáveis, vulgo cor vermelha.


É bem óbvio que o custo por megabit, de um provedor  contratar
individualmente uma conexão de 10, 30 ou 100mb entre duas cidades, é bem
maior do que ao contratar uma conexão de 1, 2.5 ou 10g. Portanto enquanto os
provedores interessados não sustentarem individualmente tal volume de
tráfego, este tipo de associação é viável.

Não há necessidade de banda infinita (fibra apagada), ninguém cria fábricas
ou estoques infinitos. Gerenciamento de recursos escassos faz parte da vida
de qualquer um, a ciência que  estuda isso chama-se economia e o mundo
moderno inteiro depende destes princípios.

No mundo do gerenciamento de recursos escassos trabalha-se com dados reais e
se guia por previsões para comprar apenas o que se precisa. O ptt tem acesso
à estes dados melhor do que eu, com eles é possível criar perfis de AS e
estimar quanto de tráfego usarão na nova configuração baseando-se em
similaridades.

Um exemplo de indicador seria: comparar quanto e em qual direção um AS A do
ptt X tráfega de um AS comum (ou ainda melhor prefixos comuns) a outro ptt Y
que se pretende conectar (ex.: RNP). Com este dado na mão procura-se um AS B
de perfil similar (ex.: consumo, last-mile doméstico) no ptt Y, e sabendo
que B trafega tanto com C e D é possível estimar quanto A deverá demandar de
banda e em qual direção caso comece a trocar tráfego com C e D.

Além de vários outros indicadores que o ptt já tem acesso, como quantidade
de prefixos do AS, quais destes geram/consomem tráfego, prefixos de C e D
que trafegam por trânsito comprado por A dentro do ptt, ... Além daqueles
que os próprios interessados podem fornecer no que diz respeito ao tráfego
dos seus links comerciais.

Não tenho estes dados mas mesmo assim é bem seguro dizer que o tráfego em
uma conexão PR-RS, dois PTTs já saturados de tráfego local, dificilmente
superaria 1g. Que tal começar por aí? O custo é tão pequeno comparado ao que
o registro arrecada e geraria um aumento instantâneo em quem já está batendo
na parede da saturação da troca local. E talvez o mais importante a
possibilidade de atingir um público maior em uma única localidade atrairia
outro AS nacionais grandes, pelo mesmo princípio dos ptt multilocalidade
(metro) e da mesma forma que SP atrai atualmente por já congregar um maior
número de AS.

Evidente que este PTT regional (chamarei PTT-R) precisaria de regras
específicas, a começar que seria um ptt à parte (regional ou nacional um
dia), onde cada ptt metro seria como um PIX (PIX-R), estas regras seriam
algo como:
- Um AS pode estar presente em apenas um PIX-R (idem hoje no metro)
- Haveria forte controle (por estimativa) dos prefixos trafegados no PTT-R
para evitar que um AS do ptt-R trafegue prefixos de outro AS também do ptt-R
(burlando a regra anterior),
- Ou ainda de uma variação, em que um AS, participante dos PTT-metros
beneficiados, mas não do PTT-R, use dois AS intermediários do PTT-R, para
trafegar seus próprios prefixos.
- Os AS participantes do PTT-R deveriam anunciar, exatamente os mesmos
prefixos, no PTT-R e em todos os PTT-metro que participe (independente do
ptt-metro ser beneficiado). Igualmente para evitar burlas.
- Seguindo o mesmo princípio do item anterior. Um AS participante dos dois
PTT-metros beneficiados não poderia participar do PTT-R.

Quando eu disse desta conexão se auto-sustentar estava pensando mais no caso
de uma ligação destes dois PTTs com SP (além de entre si), nestes casos sim
me parece que a  única coisa que falta é alguém para dividir o custo da
conexão de forma independente, visto o retorno mais garantido. Mas pensando
melhor, mesmo sendo deficitário e portanto necessariamente bancado pelo CG,
acho que esta ligação separada (PR-RS), além do crescimento natural, traz
mais benefícios duradoros para estes dois PTT-metro, ao atrair diretamente
novos ASs motivados pela capacidade agregada, do que ao se assumir como
colônia de SP (novamente a economia é sua amiga).

Quanto ao fator escalabilidade e o suposto fracasso de um ptt mundial (dada
sua inexistência). No meu entender o objetivo que o CG teria nos PTTs seria
fomentar a troca de tráfego para quem não pode fazer por conta própria de
forma eficiente e não simplesmente "se tornar grande", ou ainda "se tornar o
centro absoluto da troca de tráfego".

Na medida que um AS troque tráfego suficiente com outro AS ele não precisa
mais de PTT para fomentar esta troca específica, ele pode fazer diretamente
por conta própria, e até mesmo de forma mais barata. Por isso as grandes
operadoras geralmente não usam PTT para trocar entre si, nem brasileiras ou
internacionais. Por isso ASs que antes compravam porta ou tráfego se tornam
PIX.

Este PTT-R seria para isso, fomentar a troca e não para crescer sem foco.
Por isso diante desta limitação (que não existe com mesmo custo no
ptt-metro), a partir do momento que determinado AS do PTT-R consumir
determinada quantia de tráfego (sei lá, 150, 200mb, depende de quantos mais
usam e quanto sobra) é hora de dizer:

"Você já é muito grandinho, é hora de comprar o próprio transporte para
complementar. Considerando que você ainda poderá continuar usando 100mb aqui
enquanto cresce mais, seu custo total não será muito grande"

E daqui algum tempo este AS acaba conseguindo pagar todo o custo, sem
precisar nem dos 100mb de reforço, um pouco depois consegue pagar menos,
depois faz a própria estrutura e é mais um AS na vida.

CIX ou MAE não fracassaram, mas se tornaram tão bem sucedidos que perderam o
sentido, quem os utilizava não precisa mais. De qualquer forma, se procurar
bem, mesmo deixando de ser o que se proponham (caixinhas), encontrará parte
das ruínas/consequências do que chama fracasso em Palo Alto e Ashburn.


> > Este é mais um ponto onde
> > discordo veementemente, mas pelo jeito o CG tem sua posição contrária
> > igualmente forte.
>
>
> Você está enganado até agora eu não vi o CG emitindo opinião alguma
> sobre este assunto, se o seu modelo puder ser provado viavel não vejo
> porque não ser adotado.


Quinto parágrafo:
http://eng.registro.br/pipermail/gter/2008-December/021008.html

Quarto parágrafo:
http://eng.registro.br/pipermail/gter/2008-September/020312.html


>
>
> ...
> > > > SLA do RTT até Miami está mais para 100 do que 300ms.
> > >
> > > Não estamos falando em hospedar conteúdo em Miami, estamos falando em
> > > trocar tráfego em Miami entre dois ASNs aqui no Brasil, neste caso são
> > > no mínimo 2 x RTT.
> > >
>
(...)

>
> Mesmo com tudo isto ainda assim a conta não me parece fechar... para
> este raciocínio fazer sentido, só se o seu custo de transporte SP-MIA
> for menor que o custo do transito/peering-pago com o monopólio X aqui
> em SP. Não se esqueça dos custos de local-loops, hospedagem e
> transito/peering nestas localidades proporcionando o outro path até o
> AS X. Se quiser pode trocar SP-MIA por algo nas mesmas proporções.
>
> Vamos parar de especular, conta somente para nós como fazer a conta de
> padeiro ai acima fechar. Não se esqueça de enviar os contatos pois vai
> ter muita gente interessada por aqui. Feito isto você promove
> efetivamente a expansão da Internet no Brasi, concluimos com sucesso
> este thread e eu me resigno calado a minha ignorância.
>
>
Para você a conta não "parece" fechar, problema que não existia quanto
também assumia que ditos "300ms" (inerentes ou não) sepultariam qualquer
benefício. Ou ainda quando deu por desentendido ao se referir à ausência de
motivos para crítica de quem é constantemente criticada  por causa de sua
política (alguns chamam de nomes piores) de peering.

Desculpe se eu for rude mas não vou fazer o dever de casa de ninguém ou
ficar discutindo acerca de obviedades. Também não vou ficar detalhando
preços. É obrigação do CG conhecê-los e divulgá-los (como descrito nas
atribuições) para identificar as causas e possíveis soluções dos problemas
da Internet brasileira. E principalmente, porque este tipo de informação,
bem como as estratégias pra reduzí-los é informação estratégica. Já falei
muito e por isso andam nas minhas proximidades procurando informações sobre
mim o que não é nada confortável e pode levar que eu entre em modo
silencioso a qualquer momento.

Não preciso passar contato para ninguém umas poucas ligações ou a ajuda do
consultor competente de preferência resolve.

Quanto à "promover efetivamente a expansão da Internet no Brasil", já ouviu
falar em last-mile ou transporte? O Brasil não é um datacenter, nem fica em
SP (ou outra cidade bem conectada).

E ainda que a conexão internacional fique menos cara, ela não é barata, ela
só toma esta configuração pois os empecilhos das grandes operadoras
nacionais é que são absurdos e destruidores, mas isso não parece ser
problema por aqui ...



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