[GTER] RES: Confirmado traffic shaping no Virtua

Andre Uratsuka Manoel andre at insite.com.br
Thu Jun 21 11:09:58 -03 2007


On Thu, Jun 21, 2007 at 12:55:01AM -0300, Tukso Antartiko wrote:
> Não sou advogado e isto não é conselho legal, estamos apenas
> discutindo de maneira informal. Não tome qualquer ação baseada nesta
> discussão sem antes consultar um advogado.

	Idem

> Pelo meu entendimento se um tráfego é ilegal você não é obrigado a
> transportar. Você me perguntaria quais as bases legais para esta
> conclusão. Como disse não sou advogado apenas "tento" prestar atenção
> nas palavras deles para "tentar" compreender o que eles querem dizer.

	Eu diria que se você sabe sem sombra de dúvida que o tráfego é 
	ilegal, você tem o dever de não transportar.

> Atualmente, a maioria do tráfego P2P é ilegal.

	Mas não todo o tráfego P2P é ilegal e você não pode, ou no
	mínimo não deve, partir de uma presunção de culpa dos seus
	clientes.

> Sob meu ponto de vista, faz parte da responsabilidade moral de um
> provedor, com os recursos que tiver disponíveis, tentar identificar e
> bloquear tráfego "claramente ilegal".

	Do meu ponto de vista, não. Não faz parte das atribuições do
	provedor tentar identificar e bloquear esse conteúdo, mesmo
	porque faz parte das obrigações do provedor respeitar a
	privacidade dos usuários. Provedor não é, e não deve ser,
	polícia. As pessoas não são culpadas antes de cometerem um
	crime, apenas depois.

> Alguns que não dêem importância à moral dirão que este tipo de
> responsabilidade é bobagem. Que seja, mas são nos grandes vazios
> morais que alguns moralistas conseguem espaço para promover medidas
> draconianas.

	Obrigado pela parte que me toca. Você diz que eu sou amoral.
	Mas talvez seja o contrário. Eu não sou um usuário de redes
	P2P, mas eu acho importante que pelo menos diversas delas
	existam. E acho importate que outros valores importantes como 
	liberdade e privacidade também são importantes. A moralidade e a
	ética não tem só um lado, mas sim um balanço entre diversos
	princípios e interesses. Você está falando sobre evitar custos
	altos de banda e usando a moral como justificativa. Em outras
	palavras, você está sendo um falso moralista.

> Partindo para o aspecto prático outros dirão que controlar TODO o
> tráfego ilegal é maluquice, visto o tempo e a complexidade envolvida.
> Realmente é muito complicado, especialmente quando não é controlado
> logo no ínicio e se dissemina, mas tendo a "acreditar" que a regra de
> Pareto se repete no P2P:
> apenas alguns arquivos e origens seriam responsáveis por grande parte
> do tráfego P2P.
> 
> Para ter um impacto significativo o importante não é filtrar tudo, mas
> saber no que se focar.
> 
> Não quero entrar muito na definição do que seja claramente ilegal, mas
> um filme de Holywood que ainda está no cinema, tem grande chance de
> ser um arquivo claramente ilegal. E provavelmente também será um
> grande tráfego P2P, por ser recente.

	Tem grande chance ou tem a certeza? Como você sabe que o que
	está trafegando é um filme de hollywood e não um ISO do ubuntu,
	ou um vídeo que está em domínio público e portanto pode ser
	legalmente trocado? Você tem idéia do número de filmes que já
	estão em domínio público?

> Existem também situações onde determinado servidor, normalmente no
> exterior, é dedicado a atividades principalmente ilegais e por isso
> gera muito tráfego. Primeiro faça uma denúncia informal para o
> provedor do mesmo.
> Se não resolver, como você não é proprietário de direitos autorais
> nenhum, nem recomendo que se associe a eles se não quiser se tornar
> refém dos mesmos, faça uma denúncia aos orgãos competentes que "chegou
> ao seu conhecimento através da mídia (um site qualquer) a existência
> de uma site/servidor com diversas atividades ilegais".
> Depois, de posse da denúncia, peça para um juiz  "com o objetivo de
> salvaguardar os seus usuários, autorização para bloquear o referido
> servidor enquanto o processo é investigado"

	Você acabou de descrever o youtube, onde há
	atividades ilegais acontecendo, embora elas não sejam, a meu
	ver, nem de longe a maioria. Você quer pedir para um juiz
	bloquear acesso a um site sem que haja culpa estabelecida e
	simplesmente para resolver os seus problemas de banda. Vejo aí o
	seu interesse se sobrepondo ao interesse dos seus usuários.

	Acho que se sua política é essa, você devia deixar claro para
	seus potenciais e existentes clientes que isso acontece, e nunca
	mentir ou fingir.

> Existem outras soluções e esta sozinha não resolverá o problema,
> especialmente com o esperado aumento do tráfego P2P legalizado. Mas,
> considerando o aspecto moral e não importando quanto de banda se dê
> para os entusiastas de P2P que eles se adaptarão para abusar tudo,
> esta é uma das melhores soluções.

	Você não gosta mesmo dos seus usuários, pelo visto... A
	tendência é todo mundo consumir muita banda, não importa quem.
	Temos youtube, google video, WOW, chats de video, radios
	on-line, joost, e pelo visto todos que usam esses serviços são
	problema para você.

> Agora o lado ruim. Tudo funciona bem enquanto você está no comando,
> mas quando descobrirem que está filtrando tráfego logo chuverão
> liminares pedindo bloqueios. Estes bloqueios extras podem tomar todos
> seus recursos e você considerará alguns deles imorais.

	Sim, mas nesse caso, quem é você para julgar? Você já simulou
	uma repulsa moral a determinadas atividades para reduzir seu
	gasto de banda...

> Por isso tome o seguintes cuidados:
> 
> - Seja low profile.
> Não deixe seu usuário comum saber que você está filtrando tráfego,
> faça-o pensar que é o destino dele que está com problema. Exemplo:
> deixe ele acessar a página principal de um site famoso, mas faça que a
> pesquisa nunca retorne resultado.

	Você está falando em interferir diretamente na resposta do site?
	Não faça isso! Você não tem o direito de fazer isso!

> - NUNCA desenvolva uma solução in house.
> Compre uma caixa preta, especificada por você e fabricada no exterior
> (para não existir vendedor, candidato a testemunha, que diga que ela
> faz tudo e mais um pouco.)

	Estamos agora na área da simulação.
 
> Se alguém te pedir algo extra você poderá responder com razão: os
> filtros são atualizados pelo fabricante eu só consigo excluir, que eu
> saiba ela suporta apenas dez filtros, não guarda log.
> 
> Se alguém quiser te obrigar a usar, seu advogado pode, pelo fato de
> nenhum produto ser perfeito, tornar os defeitos (falsos positivos,
> lentidão, falhas, travamentos) tão horripilantes que você não precise
> usar.
> 
> Agora, se você desenvolve um produto destes internamente:
> "incompetência" não será considerada desculpa e nem quero imaginar o
> que será forçado a fazer e quando custará esta brincadeira.
> 
> Depois falo dos pacotes/conexões pois já falei muito hoje.

	Veja, acho que você tem o direito de fazer operações na sua rede
	para garantir ou favorecer a estabilidade dela. Acho
	permissível, por exemplo, impor limites diários e mensais de banda, 
	dar baixa prioridade para tráfego em determinadas portas sobre outro
	tráfego, mas você deve fazer isso sem olhar o conteúdo, e você
	deve ser claro que está fazendo isso e por que motivo. Se um
	cliente dá muito prejuízo, cancele o contrato, mas não fique
	prejudicando todo mundo e mentindo sobre isso. Eu não vou ficar
	nervoso, pensando em processar você se você me avisar com
	antecedência.

	A área é difícil porque nessa área escala conta muito, e as
	operadoras tem muita escala. Ao mesmo tempo, não compartilham a
	rede, bloqueando o unbundling e tentam avançar no Wimax, eu sei
	disso, mas a lógica do aumento de banda e dos novos protocolos 
	é inexorável. Oferecer um serviço melhor que elas é talvez uma saída
	melhor que oferecer um serviço pior. Se você é pequeno e oferece
	um bom serviço e sair do negócio porque não conseguiu crescer rápido 
	o suficiente para acompanhar as grandes, eu vou sentir a sua falta, 
	e talvez até faça campanha contra as grandes. Se você é tão ruim ou 
	pior que elas, eu não estou nem aí.


	Andre




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