[GTER] RES: QOS protocolos VOIP

Eduardo Santos Back eduardo at sinos.net
Tue May 23 13:49:12 -03 2006


Sugiro que discutam em PVT.

-----Mensagem original-----
De: gter-bounces at eng.registro.br [mailto:gter-bounces at eng.registro.br] Em
nome de Rubens Kuhl Jr.
Enviada em: terça-feira, 23 de maio de 2006 13:46
Para: Grupo de Trabalho de Engenharia e Operacao de Redes
Assunto: Re: [GTER] QOS protocolos VOIP

> Realmente fica inviável financeiramente implementar funcionalidades e
> formatar soluções que demandam recursos adicionais, diretamente
relacionados
> ao dimensionamento de uma rede, se você cita clientes residências e SOHO
que
> desejam pagar R$100 para uma conexão de até 4 Mbps !!! É aquela velha
> história do "tudo querer sem estar disposto a arcar com o custo adequado
por
> isto".

Segundo o IBOPE, o desejo de pagar dos usuários é da casa de R$30...
R$100 por até 4 Mbps é a oferta disponível no mercado. O provedor
dessa solução parece estar contente com o produto/preço, pois é sempre
ressaltado em suas publicações de balanço.

> Upstreams são entidades autônomas, brigam por um market share, competem
pelas
> mesmas receitas, e como em qualquer segmento de mercado certamente esta
> competição impede uma maior integração no sentido de compartilharem
políticas
> e soluções comuns, de exporem seus ambientes operacionais uns aos outros,
> etc. Tendo em vista o imensurável emaranhado de sistemas autônomos que
compõe
> a Internet, mesmo que houvesse vontade política das operadoras (e agora
> falamos em âmbito mundial), ainda assim seria inviável obtermos um QoS fim
a
> fim no tráfego da Internet. Tal anseio demandaria no mínimo uma
padronização

Voltemos à Terra... ninguém mencionou aqui QoS inter-AS.

> de soluções, funcionalidades empregadas, compatibilidade entre diferentes
> plataformas, dimensionamento de infra-estruturas e plataformas, etc. A
mim,
> parece extremamente utópico. Ou o acesso a Internet com QoS aqui debatido
> consiste em um tratamento diferenciado ao tráfego apenas no last mile do
> cliente e no máximo o backbone de sua operadora. Suponha que você dispõe

Era esse o foco desta thread.

> destas condições, mas no outro extremo de sua troca de tráfego, seu alias
> possui um CE/CPE simplesmente não performático para o interesse de trafego
> que este possui com a Internet. Ou mesmo, este deseje prover garantias e
> priorizações para perfis de tráfego distintos daqueles que você considera
> críticos. Como se garante o QoS ao seu tráfego nestas condições, mesmo que
> implementemos tais funcionalidades em ambos os extremos de sua conexão.

Ninguém garante que não haja um problema... o que se tenta é resolver
um problema conhecido (congestionamento do last-mile) para que ele
deixe de sê-lo. Não é garantia de que funcione, é garantia de que se
não funcionar, não será por esse problema.

> Me parece muito conveniente esta expectativa de "entrar em informações
> internas das operadoras", será que todas as empresas em que atuamos
> disponibilizam suas informações internas ao mercado? Empresas também não
> discutem abertamente seus problemas de fluxo de caixa, logística e
> suprimentos, etc; não tão pouco estão dispostas a arcar com os custos de
> terceiros. Operadoras não são entidades filantrópicas.

Mas se uma operadora alegar que não oferece um serviço por inabilidade
técnica de seus usuários, quando se sabe bons motivos comerciais e
técnico-econômicos para que isso não seja disponibilizado, é natural
que o usuário diga "Truco!".

> Certamente para as operadoras seria ótimo não ter que provisional banda em
> suas conexões nacionais, internacionais e internas aos seus backbones para
> receber e escoar um tráfego que será descartado no last mile pois muitos
> clientes tem links com bandas que não comportam seus interesses de
tráfego.

As demandas dos clientes não se medem em Mbps; Internet não é energia
elétrica que o cliente pode observar as especificações de seus
aparelhos e dizer "preciso de x kVA de capacidade de pico, y MWh de
consumo". Eles querem que as aplicações de que precisam funcionem com
um certo nível de qualidade, querem gastar um certo valor mensal, e
tentam equilibrar esses dois fatores como puderem
.
> Caros, acompanho esta lista a uns 6 anos, já li, absorvi e compartilhei
> muitas das suas opiniões, e tenho ciência que estas partem de pessoas
> que detêm um bom conhecimento. Aqui respeitosamente expresso uma opinião
> divergente por considerar os argumentos citados de certa forma
distorcidos,
> parciais e convenientes. Me parecem muito alinhados por exemplo com uma
> tendência do governo de jogar para as operadoras tarefas que não lhes
> compete, ou desconsiderar fatores de mercado. Por exemplo, quando aquele

Culpar o (des)conhecimento dos clientes pela inexistência comercial de
um produto também é uma conveniente e parcial distorção... mas esse
tipo de argumento é parte natural de um modelo de liberalismo
econômico em que cada um age de acordo com interesse próprio.
Acreditar piamente neles é que seria uma falha.

> sábio ministro das telecomunicações diz ser injusto o usuário pagar o
valor
> da assinatura mesmo se não usar o telefone o mês todo. Como se manter uma
> infra-estrutura, com todos os seus custos de dimensionamento e
> provisionamento de recursos, investimentos em ampliações e melhorias,
> spare parts, operação e manutenção, etc, não tivesse custos. Ou jogar para
as
> operadoras a tarefa de bloquear o sinal de celulares
> em presídios, uma obrigação do estado.

O serviço de comunicação de dados é autorizado, não é concedido como a
telefonia fixa ou autorizado mas com contratos que na prática o tornam
uma concessão como a telefonica móvel. Isso permite que o mercado se
regule sem que modelos rígidos de serviço e precificação sejam
definidos, e é dentro desse contexto que estamos discutindo acesso
Internet.



Rubens
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