[GTER] QOS protocolos VOIP

jimmi jimmi at netpoint.com.br
Tue May 23 08:55:34 -03 2006


Ao meu ver pacotes de serviços, os quais necessariamente devem ser formatados 
de forma a constituir produtos de prateleira, são concebidos buscando atender 
uma demanda sinalizada pelo mercado. E tornam-se produtos de prateleira por 
questões de escalabilidade, inclusive no que tange a operação e gerência dos 
mesmos.

Realmente fica inviável financeiramente implementar funcionalidades e 
formatar soluções que demandam recursos adicionais, diretamente relacionados 
ao dimensionamento de uma rede, se você cita clientes residências e SOHO que 
desejam pagar R$100 para uma conexão de até 4 Mbps !!! É aquela velha 
história do "tudo querer sem estar disposto a arcar com o custo adequado por 
isto".

Upstreams são entidades autônomas, brigam por um market share, competem pelas 
mesmas receitas, e como em qualquer segmento de mercado certamente esta 
competição impede uma maior integração no sentido de compartilharem políticas 
e soluções comuns, de exporem seus ambientes operacionais uns aos outros, 
etc. Tendo em vista o imensurável emaranhado de sistemas autônomos que compõe 
a Internet, mesmo que houvesse vontade política das operadoras (e agora 
falamos em âmbito mundial), ainda assim seria inviável obtermos um QoS fim a 
fim no tráfego da Internet. Tal anseio demandaria no mínimo uma padronização 
de soluções, funcionalidades empregadas, compatibilidade entre diferentes 
plataformas, dimensionamento de infra-estruturas e plataformas, etc. A mim, 
parece extremamente utópico. Ou o acesso a Internet com QoS aqui debatido 
consiste em um tratamento diferenciado ao tráfego apenas no last mile do 
cliente e no máximo o backbone de sua operadora. Suponha que você dispõe 
destas condições, mas no outro extremo de sua troca de tráfego, seu alias 
possui um CE/CPE simplesmente não performático para o interesse de trafego 
que este possui com a Internet. Ou mesmo, este deseje prover garantias e 
priorizações para perfis de tráfego distintos daqueles que você considera 
críticos. Como se garante o QoS ao seu tráfego nestas condições, mesmo que 
implementemos tais funcionalidades em ambos os extremos de sua conexão.

Me parece muito conveniente esta expectativa de "entrar em informações 
internas das operadoras", será que todas as empresas em que atuamos 
disponibilizam suas informações internas ao mercado? Empresas também não 
discutem abertamente seus problemas de fluxo de caixa, logística e 
suprimentos, etc; não tão pouco estão dispostas a arcar com os custos de 
terceiros. Operadoras não são entidades filantrópicas. 

Certamente para as operadoras seria ótimo não ter que provisional banda em 
suas conexões nacionais, internacionais e internas aos seus backbones para 
receber e escoar um tráfego que será descartado no last mile pois muitos 
clientes tem links com bandas que não comportam seus interesses de tráfego.

Caros, acompanho esta lista a uns 6 anos, já li, absorvi e compartilhei 
muitas das suas opiniões, e tenho ciência que estas partem de pessoas 
que detêm um bom conhecimento. Aqui respeitosamente expresso uma opinião 
divergente por considerar os argumentos citados de certa forma distorcidos, 
parciais e convenientes. Me parecem muito alinhados por exemplo com uma 
tendência do governo de jogar para as operadoras tarefas que não lhes 
compete, ou desconsiderar fatores de mercado. Por exemplo, quando aquele 
sábio ministro das telecomunicações diz ser injusto o usuário pagar o valor 
da assinatura mesmo se não usar o telefone o mês todo. Como se manter uma 
infra-estrutura, com todos os seus custos de dimensionamento e 
provisionamento de recursos, investimentos em ampliações e melhorias, 
spare parts, operação e manutenção, etc, não tivesse custos. Ou jogar para as 
operadoras a tarefa de bloquear o sinal de celulares 
em presídios, uma obrigação do estado.

[]s.

Jimmi.  


---------- Original Message -----------
From: "Rubens Kuhl Jr." <rubensk at gmail.com>
To: "Grupo de Trabalho de Engenharia e Operacao de Redes" 
<gter at eng.registro.br>
Sent: Mon, 22 May 2006 18:50:35 -0300
Subject: Re: [GTER] QOS protocolos VOIP

> > Caro Rubens.
> >
> > Me permita observar mas acho que a afirmação :
> >
> >         Fora conversar com seu upstream sobre o que ele poderia fazer
> >         (em geral nada, até pq ele quer é te vender mais banda)
> >
> > não se aplica mais, ou no mínimo esta generalização é injusta e um tanto
> > quanto equivocada. Hoje a briga para receita é muito acirrada, e nesta 
luta o
> > provedor tem um grande interesse em fornecer serviços que venham de 
encontro
> > as necessidades dos clientes, como funcionalidades de QoS.
> 
> A briga por receita num mercado oligopolizado como o brasileiro é
> travada em frentes quase sempre distantes da questão de oferecer
> serviços especializados. O mais comum é a oferta de pacotes de
> serviços (IP, STFC, LDN, LDI, VPN, VoIP, celular), mas cada um deles
> com produtos de prateleira.
> 
> > Se seu provedor não oferta uma solução de QoS (e veja que QoS é um termo 
um
> > tanto quanto genérico), posso te afirmar que conheço provedor que oferta 
este
> > serviço para circuitos de VPN, e funciona muito bem. E apenas não oferta 
QoS
> > para o acesso a Internet pela dificuldade da maioria dos usuários (sem o 
grau
> > de conhecimento tecnico dos membros desta lista) em compreender que o
> > provedor não tem como dar garantias ao tratamento do tráfego quando este 
sai
> > de seu backbone.
> 
> O meu provedor não oferta uma solução de QoS mas já não dá mesmo
> garantia de banda... mesmo assim, seus clientes residencias e SOHO
> estão quase sempre felizes por pagar R$100 para uma conexão de até 4
> Mbps. :-)
> 
> Já os upstreams de empresas em que trabalhei e clientes para quem
> presto serviços atualmente não dispõe de serviço de acesso Internet
> com QoS; somados esses upstreams representam quase todo o espaço de
> endereçamento da Internet BR.
> E vários desses empregadores e clientes sentem falta disso, alguns
> desses já pediram a seus gerentes de conta a possibilidade de terem 
> um serviço assim. No total, ZERO deles conseguiram.
> 
> Veja que você mesmo não pode apontar uma exceção a essa generalização...
> quaisquer alegações de motivos, quer a que fiz sobre ser falta de
> interesse comercial quer a sua sobre ser falta de conhecimento 
> técnico dos clientes não podem ser verificadas sem que entremos em 
informações
> internas das operadoras.
> 
> Por exemplo, as operadoras não discutem abertamente seus problemas 
> com consumo de link internacional para tráfego que acaba não sendo 
> entregue aos clientes devido à saturação de tráfego no canal de 
> cliente. Isso já acontece sem que os clientes tenham recursos para 
> manter a qualidade do serviço sem que o canal esteja saturado; se 
> eles tivessem tais mecanismos, esse problema só pioraria para as 
> operadoras. Os clientes ficariam despreocupados em deixar o canal 
> saturar, pois os serviços importantes continuariam operantes e a 
> degradação atingiria apenas os "best-effort"... ainda sim, as 
> operadoras pagariam pelo tráfego internacional de pacotes 
> descartados por seus clientes.
> 
> Eu deixo a conclusão para o leitor.
> 
> Rubens
> --
> gter list    https://eng.registro.br/mailman/listinfo/gter
------- End of Original Message -------




More information about the gter mailing list