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[Carlos Ribeiro]

Pessoal,

A discussão já está esbarrando no off topic, mas vou arriscar um ponto
adicional, já beirando a filosofia. Desculpem pela incursão de um sábado a
noite...

Existe uma diferença (grande porém difícil de definir ou perceber) entre o
puro desrespeito às regras sociais e a propriedade dos outros, e a
desobediência às regras consideradas injustas ou arbitrárias.

Acho que o desrespeito à prioridade intelectual, e o recurso à pirataria,
fica no meio do caminho entre os dois extremos. Há quem copie filmes
piratas porque não se importe com as leis, mas há quem discorde
pessoalmente dessas mesmas leis. Discordar das leis é uma opção perigosa
(afinal, submete o infrator ao peso da lei), mas é eticamente mais
defensável do ignorá-las com intenção de vantagem pessoal.

Muitas vezes, o progresso se faz através da manifestação corajosa dessas
discordâncias. O problema é que protestar sobre isso - sobre pirataria,
direitos digitais, e até neutralidade - parece oportunismo, coisa pequena,
perto de outros temas "mais relevantes" como direitos civis, igualdade
social, etc. Mas não deixa de ser relevante para construir uma nova
sociedade cada vez mais dependente dos meios digitais. Acho que perdemos
uma grande oportunidade ao não nos aprofundarmos mais nesses temas, tanto
em termos éticos & filosóficos como políticos. Precisamos participar mais
desse debate sob pena de vermos novas leis serem simplesmente "empurradas"
sobre nós.

São só meus R$ 0,02 de pitaco...

Carlos Ribeiro
Em 23/08/2014 18:39, "Bruno Cabral" <bruno at openline.com.br> escreveu:

> Esse é justamente o ponto. Enquanto a industria da musica, do cinema, da
> tv a cabo, a dos jornalecos e das teles ou qualquer outra que queira
> empurrar pacotes fechados por goela abaixo nao perceber que a nova geraçao
> quer pagar apenas o que usa, ainda vai acontecer isso.
>
> !3runo
>
>
> > O iTunes e o Netflix não são populares apenas por preços baixos. Eles tem
> > dois componentes que a distribuição tradicional não dá:
> > 1) Percepção de valor. Muita gente compra um álbum e diz que só gostou de
> > uma música; ou assina um canal e diz que passam algumas séries que
> > interessam e diversas que não valem a pena. Os meios que você citou dão
> uma
> > sensação de aquisição apenas do que vale a pena.
> > 2) Praticidade. Enquanto alguns correm e fazer exercícios ouvindo música
> de
> > um dispositivo com memória flash, uma mídia rotativa do tamanho de um CD
> ou
> > LP impediria isso... quando se viaja (dentro do mesmo país), leva-se a
> > assinatura Netflix enquanto a assinatura de TV a cabo continua presa ao
> seu
> > domicílio.
> >
> > O menor valor para aquisição ajuda, mas não é o único motivo. Não dá para
> > avaliar facilmente quanto do volume de vendas vem de cada fator.
>
>
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