[GTER] DDoS de ontem e o de amanhã - Lições Aprendidas?

Jean Marcel Vosch jean.vosch at gmail.com
Thu Mar 28 13:13:23 -03 2013


Sobre o DDOS de ontem:

http://www.gizmodo.com.br/aquele-ataque-ddos-foi-realmente-grande-mas-nao-chegou-a-abalar-as-estruturas-da-internet/

[]s

Em 28 de março de 2013 11:24, Patrick Tracanelli <
eksffa at freebsdbrasil.com.br> escreveu:

> Senhores,
>
> Eu não sei se alguem teve o desprazer de estar conectado no IXP Ashburn
> durante a última brincadeirinha de DDoS causada por um único esquentadinho
> contra o SpamHaus. Os 300Gbps de tráfego vocês sabem causou lag geral, não
> só no Netflix, AppStore, etc; infelizmente um cliente meu conectado em
> Ashburn também, e ao tentar ver de perto, o tcpdump de tráfego udp na porta
> 53 gerava tanto volume que minha sessão ssh desconectava.
>
> Depois que o negocio começou ser contido e observando a taxonomia do
> ataque eu fui fazer um teste simples aqui dos nossos participantes do
> PTT-Metro.
>
> Pois bem, segue um dado alarmante na minha humilde opinião.
>
> De todos os participantes do PTT-SP, PTT-MG, PTT-DF, PTT-RJ e PTT-BA, 38%
> tem seus servidores DNS primário para seu domínio principal com recursion
> aberto para o mundo.
>
> O teste eu fiz da forma mais simples possível, colocando um registro DNS
> novo e aleatório num dominio q mantenho e rodando um shell pra fazer dig
> desse registro na base de ns1.
>
> Com whois -h whois.registro.br <ASN> eu peguei o CIDR e o dominio de cada
> participante e depois com whois de novo os name servers configurados para
> dominio ou nserver pro CIDR (reverso).
>
> Pois bem, servidores DNS que pro mundo deveriam responder apenas consultas
> de autoridade, responderam pra um IP da califórnia, recursivamente.
>
> Estamos falando de participantes do PTT Metro, por natureza "bem
> conectados" abrindo margem pra serem usados em mais um ataque eventual de
> amplificação DNS.
>
> Como complemento, com dig testei validação de DNSSEC nesses servidores, e
> 12% se mostraram com "dnssec-validate yes" (ou equivalente).
>
> Bom não sei se todos concordam comigo, mas pra mim isso é sério. O mínimo
> que um participante de um IXP/PTT deveria ser obrigado, é tomar conta pelo
> menos da sua própria cozinha, já que da cozinha alheia (potencial cliente
> ou transportado do participante) é uma outra conversa.
>
> Forçar boas práticas de configuração aos participantes, transformar em
> pre-requisito, são minha primeira sugestão pra esse grupo de trabalho.
> Automação de testes como esse que eu fiz é trivial, lightweight, não
> intrusivas e testam o mínimo de responsabilidade dos participantes.
>
> Ontem o Demi twitou sua percepção sobre a perda de posições do Brasil no
> ranking de SPAM associando o fato a gerência da porta 25. Gerencia da porta
> 25 é outra prática que eu acho que deveria ser requisito testado dos
> participantes do PTT Metro.
>
> Infelizmente não é tão trivial separar respostas DNS recursivas da
> autoritativas como submit-smtp de smtp MX. Não temos uma porta diferenciada
> pra recursão ou autoridade DNS, envolve análise de payload. Mas… um probe
> simples como eu fiz é trivial.
>
> Se tivessemos participantes mais pro-ativos, eles testes poderiam ser
> feitos por iniciativa propria. O Rubens me lembrou ainda dos serviços
> prestados pelo Mauch (gratuito) e Team Cymru (gratuito por um periodo,
> depois pago) que testam recursão aberta pro mundo, ou seja mastigado pra
> quem não tem como testar de fora pra dentro facilmente.
>
> Não sei se todos estão cientes aqui (todos creio que não) mas há alguns
> anos atrás o Daniel Julius Bernstein (qmail, djbdns, etc) publicou um
> paperzinho (irresponsavelmente? full disclosure pra que te quero…)
> ensinando com meia duzia de awk/sed/dig como gerar amplificação de 5x com
> DNSSEC e usou o twitter.com e logico isc.org e vixie.org de exemplo.
> Gerou 20Gbit/s de tráfego pra cima do twitter. De 1 única máquina iniciando
> a amplificação. Hoje spamhaus não tem mais DNSSEC publicado e se vocês
> derem dig +dnssec no twitter.com verão que twitter também não.
>
> Mas ontem não foi apenas DNSSEC usado na amplificação contra o SpamHaus. E
> me da medo ver que quase 40% dos DNS primários dos participantes do PTT
> Metro são potenciais geradores de tráfego cuja capilaridade em bps e pps
> somada eu prefiro não tentar estimar, contra qualquer alvo.
>
> Não sei se todos compartilham da minha certeza que estamos há pelo menos 2
> anos vivendo numa guerra fria novamente. E não estou falando de Korea do
> Norte e seu kim rin-tin-tin ameaçando nuclearmente skorea, eua e israel.
> Estou falando dos Chineses vs NSA. Huawei vs Mandiant vs NSA vs Senado
> americano; tao ai dropbox, linkedin, apple, facebook, twitter, falhas de
> 0day massiva em java, adobe, exploradas pelos chineses (algumas vendidas
> por greyhats researchers brasileiros, btw). Temos worm instalando proxy de
> proposito geral em uma taxa de mais de 20 mil androids por dia… uma
> potencial botnet de dispositivos móveis controlada "sabe deus por quem"
> prontinhas pra entrar em operação, em dispositivos móveis, colocando a
> expressão "DDoS" em um novo patamar. Uma "moving DDoS" em potencial com os
> dispositivos roaming entre redes wifi e 3G/LTE da residencia do
> proprietario, empresa, starbucks da esquina, aeroportos, etc; algo além do
> que se consegue com webLOICs.
>
> Isso somado a uma infra-estrutura de Internet da década de 80, com BGP,
> DNS, SMTP e pilha IPv4 praticamente sem evolução relevante de arquitetura,
> por si só, já assombra.
>
> Somar a isso tudo uma postura não responsável dos operadores de rede
> participantes do PTT Metro é, na minha opinião, ainda pior.
>
> Acho que probes de posturas responsáveis aos participantes do PTT antes da
> ativação (e potencialmente durante, por amostragem) algo simples de ser
> feito e com potencial indicação de problema. Deveria ser requisito
> pre-ativação. Por mais que não seja o objetivo do PTT-Metro acho que um
> Suricata identificando DNS com recursão aberta, e gerando como
> active-response uma notificação ao participante do PTT, outra ação
> possível, leve e fácil. Não sei se isso fere alguma regra de participação
> mas pelo q me lembro não.
>
> Não sei se mais alguém se importa ou se preocupa, mas se esse grupo de
> trabalho achar benéfico e quiser se agrupar pra trabalhar, de maneira
> formal, discutir, enumerar, podem contar comigo no apoio a um PTT Metro com
> participantes mais responsaveis.
>
> Estar no PTT sem dúvidas é algo benéfico pra todo mundo, sobre a ótica de
> negócio, qualidade, possibilidades de interconexão, e diversos outros
> quesitos avaliados de negócio. Mas a capilaridade de um IXP pode também se
> tornar uma arma, IMHO.
>
> Vespera de feriado acho que vou ficar falando sozinho hehe ;-)
>
> --
> Patrick Tracanelli
>
> FreeBSD Brasil LTDA.
> Tel.: (31) 3516-0800
> 316601 at sip.freebsdbrasil.com.br
> http://www.freebsdbrasil.com.br
> "Long live Hanin Elias, Kim Deal!"
>
> --
> gter list    https://eng.registro.br/mailman/listinfo/gter
>



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