[GTER] IETF e ITU definem padrões não-interoperáveis para MPLS OAM.

Igor Giangrossi igiangrossi at yahoo.com
Wed Mar 2 18:34:08 -03 2011


Para entender este assunto é necessário entender um pouco da história do padrão.

Com o objetivo de transformar as redes de pacotes mais próximas a uma rede de 
circuitos no sentido operacional, a ITU-T criou o T-MPLS. Este padrão não era 
compatível com MPLS, e não tinha participação alguma do IETF que é o orgão 
"dono" do MPLS.

Após algumas interações entre ambos, ficou decidido que o T-MPLS seria 
descontinuado e que o IETF desenvolveria extensões para o MPLS criando um novo 
perfil chamado MPLS-TP (Transport Profile), semelhante ao T-MPLS. MPLS-TP pode 
ser traduzido em duas palavras: MPLS estático - ou seja, os equipamentos não têm 
plano de controle dinâmico (LDP ou RSVP) e nem precisam suportar nenhum IGP ou 
até mesmo encaminhamento IP. Tudo é controlado a partir de uma estação de 
gerência externa que baixa as tabelas de labels aos equipamentos, simulando a 
operação de um rede SDH por exemplo. Isso interessa muito a algumas operadoras 
onde o conhecimento IP é pouco, ou onde a área de transporte é responsável por 
operar a rede de acesso. Eu fiz uma apresentação sobre o assunto no GTER28 no 
fim de 2009 que dá maiores detalhes.

Dentro do acordo, a ITU-T passaria seus requerimentos ao IETF que desenvolveria 
os protocolos. Com relação a parte de OAM, o IETF escolheu como protocolo base o 
BFD, e começou a desenvolver extensões para adicionar as funcionalidades não 
cobertas por ele inicialmente.

Alguns fabricantes já tinham soluções T-MPLS funcionando e vendidas 
(principalmente Huawei com a linha PTN e Alcatel com sua base optica), e 
continuaram a posicionar estes produtos pois ainda não existia um padrão. 

O argumento da ITU-T para desenvolver um padrão alternativo - que nada mais é 
que o OAM do T-MPLS, baseado em Y.1731, porém encapsulado no G-Ach do MPLS-TP 
com um codepoint diferente - é que o padrão do IETF estava demorando muito para 
sair, e o mercado não pode esperar. Este novo padrão causa incompatibilidade 
pois o OAM do MPLS-TP é implementado no nível de LSP, e em caso de falhas no OAM 
o LSP não sobe. Então somente será possível usar um ou outro padrão em um LSP, e 
devido à implementação do hardware, dificilmente seria possível implementar 
ambos padrões de maneira escalável em um nível de custo razoável para a camada 
de acesso (o CPT da Cisco por exemplo, que usa MPLS-TP com o padrão IETF, 
suporta BFD em hardware com intervalos menores que 5ms).

Um ponto importante é que o processo de aprovação na ITU-T permite o veto de 
algum membro, e não houve consenso na última reunião sobre a aprovação deste 
padrão. Além disso o IETF/IANA precisaria alocar um codepoint para a ITU-T para 
que este padrão funcione dentro de uma rede MPLS-TP.

Esperemos as cenas dos próximos capítulos.

Abraços,
Igor


----- Original Message ----
From: Henrique de Moraes Holschuh <henrique.holschuh at ima.sp.gov.br>
To: gter at eng.registro.br
Sent: Tue, March 1, 2011 9:51:37 AM
Subject: Re: [GTER] IETF e ITU definem padrões não-interoperáveis para MPLS OAM.

On 01-03-2011 09:36, MARLON BORBA wrote:
> http://isoc.org/wp/newsletter/?p=3287
>
> A situação é mesmo tão feia quanto a ISOC a descreve? Cito:

Se não for resolvida de outra forma, pode ser sim.  E em geral a IETF
perde, a ITU-T tem muito mais peso nesta categoria de equipamento.  E a
situação inteira fede a pressão/ação direta de fabricante(s).

Tudo vai depender de quem já tem produto quase pronto para soltar no
mercado, e qual padrão eles seguiram.  Se um dos dois padrões for
natimorto, não há problema real fora o desperdício de recursos.  Se dois
fabricantes grandes adotarem padrões diferentes, a situação fica muito ruim.

É só perguntar para a Huawei, Cisco, e alguns outros gigantes qual
padrão eles vão adotar.  O mercado disso é operadora, afinal de
contas... e eles levam OA&M muito à sério.

-- 
Henrique de Moraes Holschuh <hmh at ima.sp.gov.br>
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