[GTER] Peer-to-Peer Pressure

Carlos Ribeiro cribeiro at mail.inet.com.br
Mon May 12 21:38:55 -03 2003


Rubens,

On Sunday 11 May 2003 17:30, Rubens Kuhl Jr. wrote:
> Para quem acha que é só por aqui que os P2P estão dando trabalho aos
> service-providers, segue uma matéria interessante da nova Boardwatch:
> 
> http://www.boardwatch.com/document.asp?doc_id=31901

Obrigado pelo link. Já faz algum tempo que eu vinha 'matutando' sobre o tema, 
e a leitura do artigo ilustrou alguns pontos interessantes. O problema do P2P 
é um dilema para as operadoras em várias dimensões diferentes:

- Durante algum tempo, acreditava-se que a Internet iria se transformar em um 
grande 'bazar de conteúdo', controlado por grandes corporações; no caso 
extremo, a Internet iria se fragmentar em domínios distintos, pois o acesso 
ao conteúdo seria controlado e restrito. A própria existência de aplicações 
P2P indica que a tão temida 'balcanização' da Internet não vai ocorrer, ou 
pelo menos, não vai ocorrer de forma tão rapida e certeira como muitos 
temiam. O fenômeno P2P desloca o poder da Internet de volta para os usuários 
(de certa forma, como era no começo). Assim, sob este ponto de vista, o P2P é 
bem-vindo para muitos provedores, especialmente aqueles que se especializaram 
em prover *conectividade*, e não *conteúdo*.

- Do ponto de vista de engenharia de tráfego, é muito mais fácil desenhar uma 
rede cujo perfil de tráfego apresenta grande concentração em alguns poucos 
pontos de destino, com um histórico regular e bem conhecido. O grande desafio 
do P2P é tornar o tráfego, de uma forma geral, menos previsível e mais difuso 
pela rede. De forma intuitiva, acredito que há uma forte relação entre o 
modelo do tráfego P2P e o modelo de tráfego típico de uma rede de 
telecomunicações de voz (modelo de Erlang, etc.). Esta similaridade não 
poderia ser medida diretamente em termos do tráfego em bits; ela diz respeito 
mais à forma como estabelecemos conexões diretas entre as pessoas em uma rede 
de voz. Talvez uma mudança na forma de avaliar os dados permita ilustrar 
melhor estas similaridades, o que poderá ser útil para o desenvolvimento de 
novas formas de projetar e administrar redes que sejam mais adequadas para o 
tráfego de dados de aplicações P2P.

- Do ponto de vista legal, a responsabilidade do provedor quanto ao uso dos 
recursos de P2P para pirataria depende do seu grau de envolvimento. E é aí 
que reside uma das maiores ironias. A meu ver, a melhor forma de um provedor 
controla o tráfego P2P dentro de sua rede é implementando algum tipo de 
suporte nativo para o serviço; por exemplo, um servidor 'supernode' FastTrack 
na rede poderia ajudar a controlar o funcionamento da rede, selecionando 
respostas para auxiliar no direcionamento do tráfego. O problema é que, a 
partir do momento que o provedor faz isso, ele deixa de ser um mero meio de 
transporte, e estará envolvido diretamente nas transações P2P (legais ou 
ilegais) que sejam feitas dentro da rede.

Acredito que a discussão está apenas começando. Se observarmos outros países 
onde a implementação de acessos banda larga já está mais avançada, veremos 
que os problemas do P2P são mais visiveis. É certo que por aqui ainda veremos 
mais mudanças.


Carlos Ribeiro
cribeiro at mail.inet.com.br



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